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Nacional
Domingo - 13 de Janeiro de 2013 às 21:23

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Uma bomba caseira explode dentro de um carro, no meio da rua, e fere um jovem casal de namorados. Para a polícia, o principal suspeito é o ex da menina. Não, esse não é o resumo de um novo filme de suspense. São fatos reais que chocaram a cidade de Anápolis, em Goiás.

E o roteiro parece se repetir. Pelo menos outros seis casos de crimes passionais aconteceram nos primeiros dias de 2013.

Sábado, 5 de janeiro. Passava das 15h em um cruzamento movimentado de Anápolis, a cerca de 50 quilômetros de Goiânia. O sinal está fechado. Uma pessoa de bicicleta joga algo dentro de um carro.

“Isso foi um atentado. Aqui não é Iraque, não é Irã, não é Israel”, diz dona Meire

“Não imaginei que era uma bomba fabricada, que podia dar um estrago desse tamanho nos meninos”, diz José.

Eram a filha de seu José e o neto de Dona Meire que estavam dentro do carro. O casal de namorados Thays, de 18 anos, e Guilherme, de 20.

Por volta das 14h40, Thays e Guilherme saíram da casa dela, junto com a mãe da jovem. Os dois a levaram para o curso de informática, que fica a cerca de 20 minutos do local. A mãe ficou na rua e foi para a aula, sem imaginar que minutos depois seria avisada sobre a tragédia.

As imagens feitas momentos depois da explosão mostram Thays e Guilherme esperando pelo socorro na calçada. Eles foram atingidos por uma bomba caseira.

“Dentro dela tinha destroços de chumbo, de prego, vidro e pela própria imagem que a gente vê, na hora da destruição, que alcançou os dois extremos da avenida. A gente acredita que ela foi feita para matar as vítimas”, afirma o delegado Éder Ferreira Martins.

Mas quem poderia querer matar um jovem casal com uma bomba? “Eu só tenho a minha filha, ela é uma princesa para mim. Eu não consigo ter forças de ver ela assim, dessa forma. Porque ela é tão linda, tão perfeita. Foi muito triste para mim”, lamenta a mãe de Thays.

Thays teve 42% do corpo queimado. Guilherme, 32%. Eles sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus no tronco, nas costas, nos braços, mãos e rosto. Thays foi atingida também nas coxas.

“Aquele ar muito superaquecido entrou até os pulmões e nesse caminho ele levou a uma queimadura, que a gente chama de lesão inalatória, que complica, com certeza, o prognóstico desses pacientes”, explica o médico Leonardo da Cunha.

O casal está na UTI do Hospital de Queimaduras de Anápolis. Apesar dos ferimentos graves, eles conseguem falar. O Fantástico teve acesso com exclusividade aos depoimentos de Guilherme e de Thays à polícia.

“Eu não me lembro de quase nada. Eu vi a hora que jogou, mas não vi quem foi”, conta Thays.

Guilherme também não conseguiu reconhecer o agressor. “Nem vi quem foi. Não tem alguém de que eu desconfio”, afirma.

A polícia encontrou uma pista na internet. “Está chegando a hora. Quero ver o circo pegar fogo e os palhaços morrerem queimados”. Esse comentário foi postado em uma rede social no dia 20 de dezembro.

O autor, que não quer aparecer, diz que a ameaça não era a sério: “Eu sou cheio dos trocadilhos, sempre cheio de brincadeira. Acabo colocando frase, eu sempre coloco frase engraçada e tal para ter comentário, todo mundo curtir”.

A frase foi considerada uma pista porque o rapaz que a escreveu é o melhor amigo de outro jovem. O nome dele é Rafael. Thays teve um rápido relacionamento com Rafael no fim do ano passado.

“Maldita hora que ele escreveu isso. Porque foi tipo uma fatalidade ele ter escrito isso e ter acontecido”, diz Rafael, que também não quer mostrar o rosto. Diz que está sofrendo ameaças desde que a polícia passou a apontá-lo como o principal suspeito do ataque. “Estou sendo ameaçado em rede sociais, por telefone, nas ruas”, conta.

Thays e Guilherme namoravam havia quase três anos, mas romperam por três meses no fim do ano passado. Neste intervalo, Thays se envolveu com Rafael, mas logo eles terminaram.

“Depois do rompimento, ele continuou insistindo, falava que não aceitaria ela terminar com ele para voltar com o Guilherme”, conta Bianca Ferreira, prima de Thays. Thays confirma.

Casos de gente que não aceitou bem o fim de um relacionamento foram notícia nos primeiros dias de 2013.

Boa Vista, 4 de janeiro. Depois de uma briga, uma jovem de 18 anos arrasta o ex-namorado, de 19, pendurado no capô do carro. O rapaz teve ferimentos graves.

Em depoimento à polícia, a garota disse que foi tudo brincadeira. “Isso não pode ter sido uma brincadeira, as pessoas são unânimes em dizer que meu filho estava em estado de terror e a velocidade com que ela percorreu um trecho de dois quilômetros até o momento que ele caiu  do carro. Isso demonstra que ela tinha intenção de matar meu filho”, diz Cleodiomar, o pai da vítima.

Joaquim Távora, interior do Paraná. Na manhã da última quinta-feira (10), um homem invade a casa da ex-mulher e faz cinco pessoas da família dela reféns. Depois de mais de 30 horas de sequestro, o homem se entregou. Ninguém ficou ferido.

Em Pirassununga, interior de São Paulo, o desfecho foi diferente. Um homem invadiu a casa da ex-namorada e matou três pessoas a facadas: a garota, o atual namorado dela e a ex-sogra. Só o padrasto conseguiu escapar. “Entrei em luta corporal com ele, ele já começou a dar dos lados, nas costas e não parava. Até foi que eu peguei um banquinho e taquei nele, que ele saiu correndo”, conta o sobrevivente.

O crime passional de Uberaba, Minas Gerais, também acabou em tragédia. Um homem abordou a ex-namorada na porta do trabalho, atirou nela oito vezes e depois tentou se matar. Ele foi levado para o hospital e sobreviveu. A menina morreu no local.

Em Anápolis, a polícia diz que o ex-namorado é suspeito, mas ele ainda não foi ouvido oficialmente, nem teve prisão decretada.

Para identificar quem jogou a bomba, a polícia conta com novas imagens. É um material gravado por outras seis câmeras da prefeitura de Anápolis. Essa é uma das grandes apostas da polícia que também conta com outras gravações do circuito interno das lojas próximas.

Thays e Guilherme devem continuar internados por mais um mês e passar por uma série de cirurgias plásticas. “Ela vai precisar da gente mais ainda, e a gente está pronto para ajudar ela. A gente faz tudo pelo filho”, afirma José Bento Leandro,  o pai de Thays.

“Eu tenho certeza que ele não vai ficar com nenhuma sequela, mais a Thays. Que eles vão recuperar, como eles estão recuperando”, afirma Meire de Almeida, avó de Guilherme.






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