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Meio Ambiente
Quarta - 30 de Janeiro de 2013 às 11:48

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O promotor criminal Joel Oliveira Dutra, que integra a equipe responsável pelas investigações do incêndio que atingiu a boate Kiss, afirmou nesta quarta-feira (30) que não há no momento justificativa para pedir a prorrogação da prisão temporária dos donos da boate e dos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira. Em entrevista ao Mais Você, o delegado regional Marcelo Arigony disse que está com "dificuldade" na renovação.

"Clamor publico não justifica prisão de ninguém", disse ao G1 o promotor. Os sócios Mauro Hoffman e Elissandro Spohr tiveram a prisão temporária decretada na segunda-feira (28). Eles eram os responsáveis pelo local onde 235 pessoas morreram após um incêndio na madrugada de domingo (27), em Santa Maria.

Segundo o promotor, até a próxima sexta-feira, quando vencem os cinco dias da prisão temporária, deverá ser analisada a necessidade de manter os quatro suspeitos presos. O promotor, contudo, não vê necessidade de as prisões serem mantidas.

Já o delegado Marcelo Arigony defende a prorrogração. "Estamos com o prazo esgotando e encontrando dificuldade na renovação dessas prisões. Pedimos isso com o objetivo que não se evadam, que as pessoas pudessem ser ouvidas, que cumpríssemos mandados de busca, que não influenciassem nos depoimentos de funcionários, amigos. Mas agora, na hora da renovação, já estamos encontrando dificuldades”, disse.

Mauro Hoffman se apresentou à polícia na segunda-feira e está detido na Penitenciária Estadual de Santa Maria. Elissandro Spohr segue internado em um hospital de Cruz Alta após ter inalado fumaça. A prisão temporária termina na sexta-feira.

Em contato com o G1, o advogado Bruno Menezes, que representa o empresário Mauro Hoffman no processo criminal, disse que não tomará nenhuma medida até sexta-feira. O advogado acredita que o cliente será liberado alegando que Hoffman era apenas um investidor da boate e não tinha interferência na administração do local.

"O fórum está fechado até hoje e estamos tendo dificuldade de consultar documentos. Não vamos tomar nenhuma medida em respeito a tudo que ocorreu. Mesmo achando que a prisão é indevida, não vamos tomar nenhuma medida. Temos a confiança que ele será liberado porque estamos colaborando com o trabalho da polícia. Ainda não tivemos acesso a mais detalhes do inquérito", disse o advogado.

Menezes disse que a prioridade é defender o cliente na área criminal. O escritório ainda não tomou nenhuma medida para liberar os bens do empresário que foram bloqueados pela Justiça. Ele também espera que o poder público também seja responsabilizado pela tragédia.

 

"A prioridade é o acompanhamento integral dele na questão criminal. Ele está profundamente consternado. A boate estava regular junto aos órgãos públicos e acredito que responsabilizar os músicos e os sócios sem chamar o poder público seria de uma insuficiência absurda. Seria uma agressão. Se alguém autorizou, quem autorizou tem que ser chamado também", disse.

O advogado Jader Marques, representante de Elissandro Spohr, também foi procurado pelo G1. Ele prometeu conceder uma entrevista coletiva para falar do caso na manhã desta quarta, em Santa Maria.

Investigação da tragédia
O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 234 mortos na madrugada de domingo (27).

O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de extintores irregulares.

Segundo Arigony, o extintor de incêndio que estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.

Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.

Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.

Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.

 
 

Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.

 

O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".

Na manhã de segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.

Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".

A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias. O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.

Também na tarde desta terça, outras informações importantes sobre o caso foram divulgadas:
1- Segundo a polícia, a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, impróprio para ambientes fechados;
2- há diversos indicativos de que a boate não deveria estar funcionando;
3- a Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio;
4- o chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, recebeu uma ligação do governo do Estado e disse que foi "orientado a não falar com a imprensa".
5- empresa entrega o gravador e diz que não foram feitas imagens do incêndio.





Fonte: Do G1

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