Gaiteiro Danilo Jaques era integrante da banda Gurizada Fandangueira. Incêndio na boate Kiss matou 235 pessoas em Santa Maria.
Sanfona de músico morto será periciada
Sanfona e documentos apreendidos na boate foram levadas à delegacia (Foto: Tahiane Stochero/G1)
A sanfona do gaiteiro Danilo Jaques foi encontrada pela perícia na cozinha da boate Kiss, em Santa Maria. O músico da banda Gurizada Fandangueira é um dos 235 mortos na tragédia. O instrumento, uma lanterna e um fichário com documentos da boate foram levados à 1ª Delegacia de Polícia nesta quarta-feira (30).
Depois de passar pela perícia o material foi levado à polícia para servir como prova na investigação. O fichário continha nomes e endereços de funcionários da casa noturna. Segundo o delegado Marelo Arigony, a boate será fechada com um tapume nesta quarta-feira (20).
Investigação da tragédia
O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 235 mortos na madrugada de domingo (27).
O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de extintores irregulares.
Segundo Arigony, o extintor de incêndio que estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação. O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".
Na manhã de segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
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