Resultado divulgado pela Anvisa nesta quarta-feira não é conclusivo. Três pacientes morreram, em Campinas, após exame em hospital particular.
Exame indica alteração no fígado de mortos após ressonância
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária informou (Anvisa) que a causa toxicológica por enquanto "é a mais provável" entre as hipóteses trabalhadas para explicar os óbitos, mas nenhuma linha de investigação está descartada.
As outras opções apuradas são falha humana ou contaminação em insumos ou equipamentos usados durante o processo. Segundo a gerente de Regulação e Controle Sanitário da Anvisa, Maria Ângela da Paz, os exames das vítimas apontaram aumento da enzima transaminase, o que aponta uma disfunção hepática.
"A transaminase é uma enzima de destruição do fígado. Quando você tem hepatite, por exemplo, elas sobem muito. Pode ser do fígado ou de um músculo. Qualquer necrose pode subir esta enzima", explicou o Secretário de Saúde, Cármino de Souza.
A rápida evolução do quadro clínico também chama a atenção e é outro ponto em comum. Os três pacientes morreram cerca de 1h30 após a ressonância magnética.
A conclusão sobre o caso, ressaltou Maria Ângela, depende dos resultados da perícia policial, laudos do Instituto Médico Legal (IML), além de testes feitos pelo Instituto Adolfo Lutz nos remédios usados pelas três vítimas durante o exame.
Restrição de remédios
De acordo com a Anvisa, a interdição cautelar dos medicamentos usados pelas vítimas no Hospital Vera Cruz ficará restrita somente ao estado São Paulo, pois não há registro sobre a distribuição dos mesmos lotes em outras regiões.
A Vigilância em Saúde informou que houve um trabalho para orientação das unidades médicas no município. As ressonâncias magnéticas no Hospital Vera Cruz permanecem suspensas até a conclusão das investigações.
O caso
Três pessoas morreram entre a tarde e a noite de segunda-feira (28) após realizarem exames de ressonância magnética no hospital particular Vera Cruz, em Campinas. A Vigilância em Saúde interditou o setor responsável pelo procedimento da unidade de saúde por tempo indeterminado.
Entre as vítimas estão a administradora de empresa Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que deixa uma filha de 4 anos. Também morreu o paciente de Santa Rita de Cássia, o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, casado e pai de uma filha de 6 anos. O terceiro paciente é Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos.
Segundo a assessoria do Hospital Vera Cruz, no mesmo dia foram realizados outros 83 exames de ressonância, sendo que o contraste foi aplicado em 30 avaliações. Nestes casos não foram encontradas reações adversas.
As vítimas tinham situações clínicas diferentes e não foram diagnósticados com doenças em estágio avançado, segundo o diretor administrativo do hospital, Gustavo Carvalho. Após a constatação das mortes, a direção do hospital acionou a polícia. As salas e os materiais utilizados durante os procedimentos foram lacrados, de acordo com a direção da unidade.
Ainda segundo a direção do hospital, são realizados 2 mil exames por mês e nenhum registro de ocorrências desse tipo foi registrado na unidade. A unidade médica também informou que está colaborando com os órgãos competentes.
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