Uma das testemunhas de acusação arroladas no processo, o proprietário da pizzaria, José Dimas Mathar, disse que houve exagero por parte dos acusados nas agressões contra a vítima, morta por asfixia mecânica, conforme laudo do Instituto Médico Legal (IML). “Quando vi eles já estavam no chão. O Toni foi imobilizado com grande esforço. Foi usada a força física e ele se debatia muito, o tempo todo. Em determinado momento ele tentou escapar e deram socos e chutes para que ele parasse. Houve excesso de força”, avaliou o dono da pizzaria.
Ele afirmou que ao perceber os excessos pediu aos PMs e ao cliente que parassem de agredir o estudante. Segundo o empresário, a vítima levou muitos socos na cabeça. “O afastei e pedi que parasse, mas ele não parou e ainda deu um chute na cabeça dele”, contou, se referindo ao cliente Sérgio Marcelo Silva da Costa. Além dele, os policiais Higor Marcell Montenegro e Wesley Fagundes Pereira também são acusados do crime.
Funcionárias da pizzaria também prestaram depoimento e relataram, assim como José Dimas, terem visto os policiais e o empresário agredindo Toni. Isso depois de o universitário pedir dinheiro a uma cliente, que estava acompanhada de Sérgio. Elas também disseram que costumavam ver a vítima pelas proximidades da pizzaria, mas que nunca haviam visto Toni fazer nada de errado.
A defesa dos acusados alega que eles agiram de acordo com o previsto no estatuto da corporação, onde diz que independentemente do local onde o agente estiver deve proteger a sociedade. “Os dois PMs estavam tentando atender a ocorrência no estrito dever legal deles. A morte não era pretendida”, alegou o advogado Ardonil Manoel Gonzales Júnior, que atua em defesa dos policiais.
Já o advogado de Sérgio disse que ele agiu em legítima defesa. “Foi legítima defesa porque a esposa dele estava sendo agredida pelo Toni”, afirmou Namir Luiz Brenner. Conforme testemunhas, a vítima teria abordado a cliente e exigido dinheiro. Com isso, o empresário e os policiais reagiram e tentaram conter o universitário.
A mulher do dono da pizzaria também prestou depoimento e alegou que, antes de abordar a cliente, Toni havia pedido R$ 10 a ela, mas ela disse ter se recusado a lhe dar dinheiro. “Ele disse que queria viajar e que precisava de dinheiro para isso”, contou. Depois disso, segundo ela, o estudante pediu dinheiro aos clientes, inclusive para a mulher de um dos acusados do crime.
Outra testemunha foi o policial militar que atendeu a ocorrência. Ele contou que ao chegar ao local encontrou o estudante caído no chão e os dois policiais parados perto dele. "Chegamos e estava um tumulto, até os funcionários falavam dele e iríamos algemá-lo quando vimos que ele estava morto", disse o PM.
Os acusados do assassinato chegaram a ser presos, mas foram soltos em seguida. Os policiais também foram investigados pela Corregedoria Geral da PM, mas foram absolvidos da acusação e continuam trabalhando normalmente.
O laudo do IML também apontou que o estudante estava sob efeito de droga no dia em que foi morto.
Após audiência com as testemunhas, ficou agendado para o dia 14 de abril deste ano, às 13, também no Fórum de Cuiabá, os depoimentos dos acusados do assassinato.
Africano universitário morreu após ser espancado
em pizzaria (Foto: Reprodução/TVCA)
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