Com estradas intransitáveis, Silval determina ação emergencial
Diante da precariedade das rodovias estaduais sem asfalto que nesse período chuvoso isolam diversos municípios obrigando prefeituras a decretarem situação de emergência devido más condições de tráfego das estradas, o governador Silval Barbosa (PMDB) determinou uma ação imediata para recuperação de estradas de chão em diferentes regiões de Mato Grosso. Os trabalhos nessas áreas, de acordo com secretário de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu), Cinésio Oliveira, iniciam à medida que a chuva diminuir.
Cotriguaçu, Porto dos Gaúchos, Castanheira, Guiratinga, Juruena e Aripuanã são alguns dos municípios afetados pelo excesso de chuvas em janeiro e registram pontes submersas, estradas com dezenas de veículos atolados e comunidades inteiras isoladas sem qualquer condição de se locomover, uma vez que as principais rodovias da região são estradas de chão que nessa época se transformam em atoleiros gigantescos. Entre as rodovias em situação crítica estão as MTs- 110 e 170. Diante desse cenário de caos que se repete a cada ano, o governador Silval Barbosa definiu um plano emergencial em parceria com os municípios. Foram mobilizadas as 24 patrulhas existentes no Estado e mais de 700 maquinários cedidos em comodato aos municípios.
Além disso, conforme a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), o governo doará óleo diesel às prefeituras. Paralelo a isso, o Estado também elabora um plano para restauração de aproximadamente 2 mil quilômetros de rodovias pavimentadas. Na reunião realizada nesta quarta-feira (13) também foi debatido o plano de recuperação de rodovias estaduais pavimentadas. São cerca de 2 mil quilômetros de estradas, em especial as mais antigas, que se deterioraram ao longo dos anos por não receberem manutenção. Segundo Cinésio, serão realizados trabalhos de tapa-buraco e recapeamento.
As péssimas condições das estradas mato-grossenses geram prejuízos tanto para a população quanto para os produtores rurais que ficam sem ter como escoar a produção. O produtor acaba recebendo menos em virtude do aumento no custo do frete. Caminhoneiros também recebem menos e o consumidor é quem arca com esse aumento de despesas pagando mais pelo produto quando chegam aos supermercados. Moradores de algumas regiões afetadas como o Noroeste mato-grossense afirmam que o problema é antigo e nas últimas 2 décadas a cada ano a situação apenas se repete sem obras de melhorias nas rodovias. Isso porque na época das chuvas os argumentos são de que é preciso esperar a redução das chuvas para tomar providências que, geralmente, são medidas paliativas.
De acordo com o secretário da Setpu, antes do período chuvoso o governo realizou uma ação como esta nas rodovias não asfaltadas, preparando-as para essa época. Porém, não é o que dizem os moradores das regiões afetadas e também a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). A entidade diz que não houve reparo nas rodovias e nas pontes antes do período de chuvas e agora existem trechos “intrafegáveis”. As precipitações se intensificaram em dezembro e desde então as estradas estão se deteriorando e assim impossibilitando a passagem, principalmente de carretas. “O problema nao é a chuva, mas a falta de infraestrutura. Todos os anos chove neste período e mesmo assim nao há um cuidado de prevençao. O que por um lado é bom porque ajuda na formaçao do pasto, acaba trazendo perdas”, afirma Eduardo Ribeiro da Silva, representante da Acrimat na região de Vila Rica.
Até os Correios já anunciou que devido a situação intransitável das rodovias, cerca de 10 mil correspondências podem deixar de ser entregues em pelo menos 17 municípios das regiões Noroeste, e Vale do Araguaia.
Na cidade de Cotriguaçu (950 Km a noroeste de Cuiabá) até o mesmo o atendimento médico aos doentes está comprometido há dias, devido o isolamento do município. Alguns doentes, em caso mais graves precisaram ser transportados de avião nos últimos dias para o município de Juína. Os prejuízos econômicos gerados aos municípios afetados pelas chuvas são muitos. Na região entre Juruena e Aripuanã, há casos de motoristas que estão há mais de 2 semanas presos no atoleiro impedidos de seguirem viagem utilizando os estoques finais de comida sem previsão de quando receberão algum tipo de ajuda.
Superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, afirma que ano após ano os pecuaristas reivindicam a manutenção das rodovias e das pontes para evitar que no período de chuvas haja a formação atoleiros, queda de pontes e quebra de caminhões, mas que os pedidos não são atendidos e os prejuízos ficam na conta de quem produz.
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