Estudo ligou receptor de luz ao cérebro dos animais. Técnica pode levar ao tratamento de lesões neurais
Pesquisa de brasileiro faz ratos "tocarem" luz infravermelha
Um detector de luz infravermelha foi ligado à parte do cérebro que processa as informações táteis por meio de eletrodos microscópicos. O aparelho foi capaz de fazer com que os ratos “sentissem” a luz infravermelha, sem danificar os sentidos originais do animal.
Em condições normais, a luz infravermelha não é visível aos olhos dos mamíferos. Além disso, o calor gerado pela fonte de luz usada no experimento não era perceptível para a pele dos animais. Assim, a reação dos ratos à luz serve como evidência de que a técnica obteve sucesso.
Segundo Nicolelis, que liderou o grupo de pesquisa, é a primeira vez que um dispositivo produz resposta uma sensorial – no caso, a sensibilidade à luz infravermelha – ao acionar uma parte do cérebro destinada a uma outra função – no caso, o tato.
Ainda de acordo com o pesquisador, a descoberta abre caminho para trabalhos com as chamadas próteses neurais. No futuro, uma pessoa que seja cega devido a uma lesão no córtex visual do cérebro poderia recuperar a visão – ainda que não seja igual à original – com uma técnica semelhante, implantando um aparelho em alguma outra região do cérebro.
Recentemente, Nicolelis conseguiu outros resultados significativos no estabelecimento de novos sentidos em animais, quando sua equipe criou o “tato virtual” em macacos. Os avanços podem servir na recuperação de pacientes com lesões neurais de diversos tipos – paraplégicos e tetraplégicos estariam entre os principais beneficiados.
O atual estudo foi desenvolvido em parceria com os pesquisadores Eric Thomson e Rafael Carra.
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