Foram expedidos quatro mandados de prisão neste sábado (23). Chefe do departamento é suspeita de provocar mortes para liberar leitos.
Polícia prende mais suspeitos de participarem de mortes em UTI
A polícia cumpre neste sábado (23) quatro mandados de prisão relacionados às mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Geral do Hospital Evangélico, em Curitiba. Duas pessoas já foram detidas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado do Paraná, os mandatos são contra profissionais que trabalhavam no departamento diretamente com a médica Virgínia Soares Souza, que é suspeita de definir quais pacientes seriam mortos dentro da UTI. Como o inquérito tramita em caráter sigiloso, a polícia não divulgou detalhes da prisão.
A investigação de denúcnias que pacientes foram mortos dentro da UTI se tornou pública após a prisão da médica Virgínia Soares Souza, que era chefe do setor. Ela está detida desde terça-feira (19), após uma operação policial que também recolheu prontuários médicos. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, ou seja, por acelerar a morte de pacientes sem chances de defesa. A ação, de acordo com a polícia, tinha como objetivo liberar leitos na UTI do Evangélico. Após a prisão, o hospital divulgou nota afirmando que o caso é pontual e aconteceu em uma das quatro UTIs do hospital, na qual toda a equipe foi substituída. No total, 47 pessoas, entre 13 médicos e 34 enfermeiros.
O advogado que defesa da médica, Elias Mattar Assad, afirma que não há provas contra Virgínia Soares Souza. O jusrista afirmou ao G1 que cada um dos detidos neste sábado possui advogado e que eles devem unificar a defesa para trabalharem juntos.
Na sexta-feira (22), a médica divulgou um manifesto público no qual afirma que a medicina está em risco no Brasil. “O livre exercício da medicina está em risco no Brasil”, diz trecho do documento. Ela afirma que se o modelo de investigação da polícia paranaense obtiver êxito, qualquer morte em UTI poderá ser considerada imperícia ou mesmo homicídio qualificado. “A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante estarão expostos os seus profissionais”, diz outra parte do manifesto. O texto ainda classifica a investigação como “o maior erro investigativo e midiático da nossa história”.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a polícia solicitou a quebra de sigilo da investigação à Justiça. Caso o pedido seja acatado, mais detalhes serão divulgados.
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