Exame para agente de polícia 3ª classe estava marcado para domingo (3). Mais quatro provas já foram anuladas por suspeita de fraude em gabaritos.
Governo de Goiás cancela provas para agente da Polícia Civil
Um dia após cancelar quatro concursos das polícias Civil e Militar de Goiás, o governo estadual decidiu suspender também a prova escrita para agente de polícia 3ª classe, que estava marcada para o próximo domingo (3). Foram anulados ainda os exames para o cargo de pesquisador do Instituto Mauro Borges (IMB) e o processo seletivo para professores e servidores da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectec).
A decisão foi comunicada no fim da tarde desta terça-feira (26), por meio de nota, pela Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), após reunião entre o secretário Giuseppe Vecci e Haroldo Reimer, reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), organizadora dos certames.
Após denúncias de fraude, na segunda-feira (25), o governo já havia cancelado os concursos para os cargos de escrivão e de delegado substituto da Polícia Civil de Goiás e para os cargos de soldado e oficiais da saúde e cadete da Polícia Militar, atingindo 76.694 candidatos inscritos.
No entanto, a Segplan ainda não tinha definido sobre o cancelamento da prova para agente de polícia 3ª classe. No começo da tarde, a UEG chegou a divulgar comunicado oficial confirmando a realização do exame, que teve 22.647 candidatos inscritos para 344 vagas.
A Universidade Estadual de Goiás prometeu divulgar, durante entrevista coletiva na quarta-feira (27), as providências que serão tomadas e a data para publicação do novo cronograma dos certames.
Sequência repetida
Os gabaritos das provas objetivas canceladas dos concursos para as polícias Civil e Militar em Goiás tinham apenas duas sequências de letras, que se repetiam até completar as 100 questões. A denúncia foi feita por candidatos ao Ministério Público de Goiás e nas redes sociais, logo após a divulgação do resultado preliminar pela UEG, na segunda-feira.
Segundo os candidatos, ao analisar concursos anteriores da área de Segurança Pública, foi constatado o mesmo problema. Em entrevista ao G1, a diretora do Núcleo de Seleção da Universidade Estadual de Goiás, Eliana Nogueira, concordou que há no gabarito um padrão que precisa ser apurado: "É uma sequência muito evidente".
Nesta terça-feira, a Secretaria de Ciência e Tecnologia pediu à Segplan a anulação do processo seletivo para a contratação de professores e apoios administrativos temporários para os Centros de Educação Profissional (CEPs). O motivo foi o indício de irregularidade nas provas objetivas semelhante ao encontrado nos exames cancelados dos concursos das polícias Civil e Militar.
Redes sociais
A denúncia de fraude envolvendo os exames começou quando candidatos ao cargo de delegado fizeram uma campanha na internet reclamando da sequência numérica e de letras, que se repetia. “Fraude delegado PCGO! Para passar bastava decorar duas sequências de letras”, era o que trazia um dos posts nas redes sociais (veja imagem abaixo).
A prova A de delegado, por exemplo, tinha uma sequência de letras nas questões de 1 a 10 e outra na de 11 a 20. Depois, a mesma ordem se repetia, até completar as 100 questões objetivas, num total de 5 repetições cada. As provas B, C e D apresentavam o mesmo esquema da prova A. “A prova do tipo A que teve no domingo retrasado para escrivão é do mesmo tipo do tipo B para delegado”, afirma uma das inscritas no processo seletivo.
O Ministério Público de Goiás também foi procurado pelos candidatos para formalizar a reclamação. O procedimento de investigação foi aberto pela promotoria ainda na segunda-feira e encaminhado para Anápolis, onde está a sede da UEG. Além disso, o promotor Fernando Krebs afirmou estranhar a seleção da unidade de ensino para elaborar o exame. “É uma das piores universidades do Brasil e, ainda assim, o estado está dispensando licitações para contratar a UEG”, comenta o promotor.
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