A via esburacada é importante economicamente para o estado. Série de reportagens mostra más condições da BR-163, em Mato Grosso.
Motoristas enfrentam péssimas condições de estrada no Sul de MT
Os motoristas que trafegam pela BR-163, rodovia que corta Mato Grosso do Norte ao Sul, e é essencial para sustentar a economia de alguns municípios, reclamam da falta de estrutura e da péssima condição da estrada. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 1º de janeiro e 18 de fevereiro foram registrados 90 acidentes na rodovia, com 31 feridos e três mortos, em um trecho de 250 quilômetros.
Nessa quarta-feira (27), a TV Centro América exibiu a última reportagem de uma série sobre os problemas na BR-163, os riscos que oferecem aos motoristas e sua condição de tráfego. A viagem da reportagem dessa quarta foi no sul do estado. O tráfego nessa região também é intenso, por dia passam 10 mil veículos, sendo que 80% deles são caminhões e bitrens. E a estrada não recebe nenhum tipo de melhoria há 20 anos.
O caminhoneiro Robesmark Gadelha, por exemplo, contou que é natural de São Paulo e ao transportar uma carga de adubo até Campo Novo do Parecis , a 397 quilômetros de Cuiabá, teve grandes prejuízos.“Dois pneus estouraram e quebrei a embreagem, nisso acabei gastando em torno de R$ 800 reais”, falou.
O cenário mostra o quanto a via é importante economicamente para o estado. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a safra de grãos aumenta em torno de 5 a 6% ao ano e além disso será inaugurado em Rondonópolis, a 218 quilômetros da capital mais um terminal ferroviário, com capacidade para o carregamento de dois trens e 120 vagões, além de um pátio para mais de 1200 caminhões.
Segundo o diretor executivo da Associação das Transportadoras do Sul do Estado (ATC), Miguel Mendes, essa novidade irá refletir em todo o estado. “Todo o fluxo que hoje é dividido na BR-163 e BR-364 será direcionado para o terminal da163 e, ali, a pessoa vai poder dividir o espaço com os trabalhadores, clientes das empresas, transportadoras nos postos de combustíveis que estão instaladas nas margens desses trechos. Então a gente já está prevendo para o próximo ano um verdadeiro apagão logístico”, informou.
As obras da travessia urbana em Rondonópolis que já custaram em torno de R$ 50 milhões ainda não foram concluídas. O problema se arrasta há quatro anos e um convênio foi firmado entre a prefeitura e o governo federal que ficou responsável pelo repasse de 90% dos recursos financeiros. Uma empresa de engenharia foi contratada para realizar o projeto.
Ainda segundo Mendes, o Ministério Público entrou com um processo de investigação dos pagamentos do processo de licitação para apurar realmente quem são os responsáveis por tanta demora. “Por conta desse atraso que filas se formam e o congestionamento chega a quilômetros”, disse.
Nos trechos de Juscimeira, a 164 quilômetros da capital, quem quer atravessar a rodovia tem de esperar. Até quem mora no município precisa de paciência em São Pedro da Cipa, a 149 quilômetros de Cuiabá, por exemplo, o comércio divide poucos metros com os caminhões e já em Jaciara, a 148 quilômetros da capital, as vias têm melhor acesso, mais já existe o problema da falta de sinalização.
O motorista Paulo Sérgio Rossini conta que ele busca muita proteção para chegar vivo em casa. “Em uma falha aqui já corremos o risco de cometer algum acidente, e em viagens que estou acostumado a fazer em quatro horas, hoje faço em média de sete a oito”, lamentou.
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