Keith O"Brien saiu após denúncias e não participa do conclave. Ele pediu perdão à Igreja, ao povo escocês e "a quem possa ter ofendido".
Cardeal escocês volta atrás e admite "conduta sexual imprópria"
O ex-chefe da Igreja Católica da Escócia, cardeal Keith O"Brien, admitiu neste domingo (3), em comunicado, que teve "conduta sexual imprópria", seis dias após ter renunciado ao cargo por conta de denúncias.
"Por vezes, minha conduta sexual caiu para patamares inferiores aos que se esperavam de mim como sacerdote, arcebispo e cardeal", disse O"Brien em comunicado divulgado pela Igreja Católica da Escócia.
Ele pediu perdão à Igreja, ao povo da Escócia e "a quem possa ter ofendido".
O"Brien, que foi acusado de "atos impróprios" cometidos há 33 anos, havia pedido demissão como arcebispo de St. Andrews e Edimburgo. Segundo o Vaticano, o então Papa Bento XVI aceitou o pedido de demissão do cardeal por "motivos de idade".
O"Brien deveria participar do conclave que elegerá o novo pontífice, após a renúncia de Bento XVI. Entretanto, o cardeal informou nesta segunda, junto com o anúncio de sua demisão, que não irá ao Vaticano para a eleição do novo chefe da Igreja Católica. Ele seria o único britânico a participar do conclave.
O"Brien disse que "não quer ofuscar a atenção da mídia".
"Eu não vou me juntar a eles (outros cardeais) para este conclave, não desejo a atenção da mídia em Roma. O centro das atenções deve ser o Papa Bento XVI e seu sucessor", disse ele em um comunicado.
A saída, paralela à de outro cardeal de baixa por doença, deixará um total de 115 cardeais à frente da eleição do novo pontífice dos 117 que tinham direito a voto.
O cardeal O"Brien, 74 anos, negou inicialmente as acusações feitas por três padres e um ex-padre, que foram transmitidas a Roma uma semana antes da renúncia de Bento XVI, anunciada em 11 de fevereiro e consumada em 28 de fevereiro.
Os quatro demandantes, da diocese de St Andrews e Edimburgo, na Escócia, afirmaram ao núncio apostólico no Reino Unido, o arcebispo Antonio Mennini, que O"Brien cometeu "atos impróprios" há 33 anos, segundo o jornal britânico "The Observer".
Um dos padres afirma que foi vítima de atenção não desejada por parte do cardeal. Outro afirma que O"Brien aproveitava as orações noturnas para ter contatos impróprios.
As opiniões conservadoras sobre o homossexualismo de O"Brien, que deveria deixar o cargo em março, provocaram revolta da comunidade gay. Em 2012, ele foi designado "hipócrita do ano" pela associação de defesa dos gays e lésbicas Stonewall.
O"Brien declarou recentemente que o casamento entre pessoas do mesmo sexo "seria prejudicial para o bem-estar físico, mental e espiritual dos contraentes". Ele também é contrário à adoção de crianças por casais gays.
Além de arcebispo em St Andrews e Edimburgo (Escócia) desde 1985, o cardeal britânico, nascido em Ballycastle (Irlanda do Norte), era presidente da Conferência de Bispos da Escócia.
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