Num trecho inédito da entrevista do Fantástico de domingo passado, o primode Bruno revela que Macarrão recebeu um telefone cinco dias antes do crime.Segundo investigações, telefonema era de um policia
Dois policiais civis podem estar envolvidos no caso de Eliza Samúdio
É em um fórum em Contagem, Minas Gerais, que o goleiro Bruno e a ex-mulher dele, Dayanne do Carmo Souza, vão sentar, nesta segunda-feira (4), no banco dos réus, quase três anos depois do desaparecimento de Eliza Samúdio. A modelo, mãe de um filho do ex-atleta do Flamengo, queria reconhecimento da paternidade e pensão.
“O Bruno é um réu culpado”, disse o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro.
“O Bruno é absolutamente inocente”, diz o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo.
Outras sete pessoas estão envolvidas no caso, entre elas: Luiz Henrique Ferreira Romão - o Macarrão - braço direito do goleiro; Marcos Aparecido dos Santos - o Bola - ex-policial civil;
e Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro.
Agora, às vésperas do dia decisivo, dois outros nomes podem entrar pra essa lista. Em um trecho inédito da entrevista à repórter Renata Ceribelli, o primo de Bruno, e responsável por denunciar o caso à polícia, faz uma revelação importante. Enquanto Eliza e o filho eram mantidos sequestrados em um motel em Contagem, cinco dias antes do crime, Macarrão recebeu um telefonema.
“O telefone dele tocou e ai, ele pegou e falou assim: ‘ô, Jorge, fica aqui que eu vou ter que sair rapidinho’. Falei: ‘normal’. Saiu e eu peguei e fiquei. Foi uma coisa de meia hora, ele ficou lá para o lado de fora”, disse o primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa.
Quem falava ao telefone com Macarrão? Segundo as investigações, era um policial civil aposentado. José Lauriano de Assis Filho, conhecido como Zezé. O Ministério Público diz que Zezé e Macarrão se encontraram no motel. Os dois conversaram diversas vezes ao telefone, antes e depois do crime.
Os registros apontam 39 ligações entre o segundo dia do sequestro e a noite do crime. Às 10h20, Macarrão está na área do motel e Zezé na região da casa dele, a 24 quilômetros de distância. Quarenta e quatro minutos depois, uma nova conversa. Zezé já aparece mais perto do motel. E, a partir das 11h27, os dois telefones estão usando a mesma antena. Ou seja, Zezé e Macarrão estão na mesma região.
“As antenas são claras, eles se conheciam, eles se encontraram”, disse o promotor.
O depoimento de uma funcionária do motel confirma a chegada de mais uma pessoa. Segundo ela, era um homem moreno, que estacionou no pátio, subiu pra suíte e ficou no local cerca de 40 minutos.
A promotoria diz que vai denunciar o policial aposentado. Ele trabalhava como investigador.
“Ele pode ser responsabilizado pelo homicídio, pelo sequestro de Eliza e de sua criança e também pela ocultação do cadáver da moça”, disse o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro.
O outro personagem a entrar nessa história, segundo o ministério público, também é policial civil. Gilson Costa desempenha funções administrativas. Ele foi acusado, junto com Bola, pela morte de dois homens em 2008.
Do início do sequestro de Eliza até o dia das primeiras prisões, Gilson e Bola falaram pelo menos 50 vezes ao telefone. O advogado de Bola diz que a relação dos dois era só profissional.
“Com relação ao Gilson, te digo. Eles trabalharam juntos”, disse o advogado de Bola, Ércio Quaresma.
Esses dois nomes não são novidade nem para a polícia nem para o Ministério Público. Essas pessoas já tinham sido identificadas no começo do caso. Por que só agora os policiais civis estão sendo investigados?
“Isso decorre do amadurecimento, mesmo do olhar que se lança sobre um caso tão complexo”, disse o promotor.
Em Belo Horizonte, o Fantástico foi à casa de Zezé. Ele não estava.
A repórter pede: pode anotar o telefone para ele ligar para gente?
Zezé não ligou. No dia seguinte, o Fantástico tentou por telefone.
Fantástico: Você pode conversar com a gente?
Zézé: Não, Giuliana, obrigado.
Também por telefone, o Fantástico falou com Gilson Costa, que deu sua versão para a conversa com Bola.
“Tenho uma casa próximo de aonde a casa dele era arrendada e por eu estar viajando, eu sempre ligava para ele para ele olhar para mim lá”, disse Gilson.
Ele disse que estava trabalhando fora de Belo Horizonte na época do desaparecimento de Eliza: “Eu estava viajando, que na época eu tava na região de Ituiutaba”.
E nega envolvimento: “Se alguém tá me acusando de eu ter ligado pra ele, com certeza, não foi pra falar de crime, porque eu não sou criminoso, tá?”, disse.
Para o advogado do goleiro, a entrada de novos investigados atrapalha o processo.
“Essa ideia de fazer essa investigação agora é para tumultuar o processo e para criar uma dúvida maior. O mais absurdo é que se pretende, se pretendia, que Bruno fosse levado a julgamento sem levar aoconhecimento dos jurados uma investigação buscando novos autores”, disse o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo.
No júri de amanhã, Dayanne pode ser condenada a até cinco anos de prisão pelo envolvimento no sequestro do filho de Eliza.
Se for condenado, Bruno pode pegar até 41 anos de cadeia pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e sequestro da criança. Nesta segunda (4), sete jurados começam a definir o futuro dos dois.
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