Alexandre Faleiros, pai de Felipe, que inventou uma botinha para filho jogarfutebol conseguiu, na Justiça, que Estado costeie equoterapia e o therasuit.
Pai consegue que Estado pague tratamento do filho com paralisia
Quem não se lembra do pai que criou uma bota especial para o filho com paralisia jogar futebol?
Nesta semana, Alexandro, o pai do Felipe, conseguiu mais uma vitoria na luta pela felicidade do filho.
Felipe nasceu prematuro. A falta de oxigênio no cérebro durante o parto não afetou a percepção, a memória, o raciocínio. Mas os movimentos foram prejudicados. Por isso, a fisioterapia é tão importante para desenvolver a coordenação motora.
Os exercícios são feitos com uma roupa especial, o método é conhecido como therasuit. “Tem vários ganchos que são especiais para utilizar essas gomas, favorecendo certos movimentos. No caso do Felipe, ele tem dificuldade de estender a perna sozinho. Então, isso aqui funcionaria como se fosse o músculo da coxa”, explica a médica.
O esforço é grande. Ele até lembra o homem aranha com todas essas cordas elásticas presas à estrutura metálica. E esse super-herói é dedicado. Ele se estica todo, faz um treme-treme na plataforma vibratória. Luta boxe.
Mas o esporte preferido do Felipe continua sendo o futebol. Ele pula, cabeceia e depois ensaia uns chutes na bola.
A indicação médica é fazer quatro módulos da terapia por ano. Cada módulo é um mês de treinamento intenso: três horas por dia.
Quando o Felipe começou, o máximo que ele conseguia era dar três passos na esteira, sem a ajuda dos fisioterapeutas e com apoio do equipamento. Depois de dois módulos de treinamento, Felipe chegou aos 440 passos. Só que a evolução dele poderia ter sido muito maior. É que o tratamento teve que ser interrompido porque a família não tinha mais como pagar. O pai de Felipe entrou na Justiça e conseguiu uma liminar que determina que a Secretaria Estadual de Saúde pague por todas essas despesas.
O tratamento também inclui sessões com cavalos, três vezes por semana. “O cavalo possibilita a quem está sentado sobre ele movimentos tridimensionais. Que significa isso? Uma dinâmica que favorece que aconteçam movimentos semelhantes aos que a gente anda”, explica Lílian de Albuquerque Moura, fisioterapeuta, especialista em neurologia.
O tratamento custa quase R$50 mil por ano.
“Pedi sim ajuda ao estado, aos órgãos competentes. Todos disseram que não. Pelo simples fato do tratamento, ou melhor, dos tratamentos, tanto a equoterapia quanto o therasuit, não fazerem parte do hall da Anvisa”, afirma o advogado Alexandre Faleiros, pai de Felipe.
O argumento era que os exercícios de Felipe eram experimentais, sem eficácia comprovada. Alexandro passou oito meses tentando provar à Justiça que o método era eficaz.
Essa semana saiu a decisão: Felipe vai poder continuar o tratamento e de graça.
“Está sendo comprovado dentro dos processos que existe um grande benefício para o paciente que se submete. E, se existe um grande benefício, eu acredito que o Ministério da Saúde vai acabar incorporando”, declara a desembargadora Vanessa Andrade.
“Com a introdução do therasuit isso teve um progresso inacreditável. É uma das coisas que ajuda a ele usar a botinha e jogar futsal toda segunda e quarta comigo”, conta o pai.
E por falar na botinha, Alexandro agora quer mandar o seu "invento" para dois irmãos americanos que vivem uma historia de amor e superação bem parecida.
Há um mês, o Fantástico mostrou uma reportagem com os irmãos Conner e Cayden, que competem em provas de triatlo juntos.
Alexandro e Felipe entraram em contato com a família americana pela internet. Mostraram como usar as botas para bater uma bolinha e fizeram a proposta.
“Eu e o Felipão vamos aí pessoalmente entregar a bota pra vocês”, diz Alexandro.
Do outro lado da tela, foi uma empolgação só. Com a botinha, Alexandre espera que os dois irmãos possam jogar futebol juntos.
E aqui é assim: um passo de cada vez, sem perder a determinação. Felipe sabe que esta batalha vale a pena.
“Vai dar tudo de você cara? Tenho certeza que você vai conseguir, você é um vencedor”, diz o pai.
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