Ele passa por cirurgia para remoção de tecido necrosado nesta manhã. Menino foi espancado, amarrado e teve corpo queimado com gasolina.
No DF, menino incendiado tem quadro grave
O menino de 13 anos que foi espancado e incendiado nesta terça-feira (26) na Estrutural, região do DF, está estável, consciente e respirando sem ajuda de aparelhos, mas o estado dele é grave e inspira cuidados, informa a Secretaria de Saúde nesta segunda-feira (4).
Ainda conforme a pasta, nesta manhã, o menino, internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), passava por uma cirurgia para remoção de tecido necrosado. A vítima da agressão teve 65% do corpo queimados; as lesões são de 2º e 3º graus.
Cinco adolescentes, três meninas e dois meninos, foram apreendidos pela polícia e são apontados como responsáveis por atrair, espancar, amarrar e incendiar o menino.
"É bem difícil de ver. Ele fica agonizando, gritando, sente dor, o estado dele é bem grave. É muito sangue frio para fazer uma coisa dessa, uma covardia. Eu nunca vi uma coisa dessa na minha vida", falou a mãe do menino, Rosângela Santos, na última sexta-feira.
Para Rosângela, além da preocupação física, há a preocupação com o aspecto psicológico. "Agora vamos ver como ele vai ficar, se ele vai ficar com trauma. Ela era a primeira namoradinha dele, coisa de criança mesmo. A gente fica é assustado como é que ela também participou [do crime]".
Mesmo em chamas e amarrado, o garoto conseguiu se soltar e pedir socorro a um trabalhador que estava no lixão. A polícia foi acionada. "Ele chegou aqui [no posto da PM] aos gritos, pedindo socorro. Ele chegou com um grande corte na cabeça, provavelmente de uma paulada que tenha recebido e com o corpo parcialmente queimado. Ainda tinha fumaça saindo de algumas partes da roupa e do corpo dele", disse o coronel da Polícia Militar Antônio Carlos.
Para a Polícia Civil, o crime teve motivação passional. O adolescente apontado como mentor do crime, um rapaz de 17, preparou a emboscada por vingança. O menino queimado teve, supostamente, um relacionamento com a namorada do rapaz. Ela nega qualquer envolvimento com a vítima.
O namorado da menina estava há uma semana em liberdade. Ele tinha sido internado no Centro Socioeducativo Amigoniano (Cesami) no dia 9 de janeiro para cumprir medida socioeducativa por crime análogo a furto de veiculo e alteração de chassi.
Os cinco adolescentes serão indiciados por crime análogo a tentativa de homicídio qualificado.
Amizades
A bisavó do menino, Marta do Carmo Silva, contou que o garoto estava na casa dela, antes de sair com uma amiga e ser agredido. A senhora diz que no dia 26, ele chegou do lixão, onde atuava como catador, às 18h, tomou um banho, assistiu a programas de TV e jantou. Às 20h, saiu com uma jovem que, segundo a polícia, é prima do mentor do crime.
"Quando ele estava saindo, falei para ele ter cuidado com as amizades, cuidado para aquilo ali não ser laço. Ele respondeu: "Que nada, vó, cala a boca."" A irmã do jovem, que é criada pela bisavó tem 15 anos e também alertou o irmão. "Ela [irmã] disse quando ele já estava na rua: "Cuidado para isso não ser uma panelinha para você"", fala dona Marta.
A vítima da agressão se mudou para Estrutural em outubro do ano passado, com três irmãos, a mãe e o padastro. Antes, a família vivia em Águas Lindas de Goiás. A bisavó diz que o menino não estava estudando e tinha se envolvido com amizades ruins. A atividade no lixão também não era aprovada pela bisavó.
"Um dia, conversamos e disse para ele que não achava ruim que ele tivesse amigos, desde que fosse gente boa. Perguntei se ele não queria estudar e mudar de vida, que o lixão era muito ruim. Eles respondeu que não."
A Estrutural, local onde ocorreu o crime, é uma das regiões mais pobres e violentas do Distrito Federal e surgiu de uma invasão de terras.
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