Ana Maria dos Santos iniciou a investigação em 2010
Caso Bruno: 1º dia do julgamento termina com depoimento de delegada
A juíza Marixa Fabiane finalizou no início da noite desta segunda-feira o primeiro dia de julgamento do caso Eliza Samudio no fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). O principal fato que marcou o dia, muito movimentado, foi o depoimento da delegada Ana Maria dos Santos, que iniciou a investigação em 2010, quando o desaparecimento e a morte da ex-modelo aconteceram.
Durante mais de cinco horas de depoimento, a delegada expôs o início das investigações e contou detalhadamente a oitiva de Jorge Luiz Rosa, dada dias após a data do crime. No entanto, a pressão feita pelo advogado de defesa Lúcio Adolfo foi forte. Ele trabalhou para desqualificar o depoimento do rapaz, que na época era menor de idade. O defensor do goleiro questionou e repetiu por diversos momentos que o rapaz não foi ouvido com profissionais competentes: advogados e médicos. Entretanto, isso não foi confirmado pela delegada.
Lúcio ainda questionou a delegada sobre os motivos pelos quais os novos nomes que aparecem nas investigações, José Laureano, o Zezé, e Gilson Costa – que também é réu de outro crime junto com o Bola por outro homicídio onde os corpos também desapareceram – não terem sido indiciados.
Os trabalhos foram encerrados por volta das 19h20 e retornam nesta terça-feira, às 9h. A expectativa é que neste segundo dia de trabalhos sejam ouvidas as outras duas testemunhas da acusação. No total, são cinco - uma delas foi ouvida por carta precatória e outra, o primo do ex-goleiro, Jorge Luiz Rosa, foi dispensado. As cinco testemunhas da defesa provavelmente não serão ouvidas: duas não compareceram e outras três foram dispensadas pelo advogado Lúcio Adolfo.
Réu | Acusações | Pena máxima |
Bruno | Homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio | 41 anos |
Dayanne | Sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio | 5 anos |
O caso Bruno
Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado.
No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.
Comentários