Escândalos são "terrível ferida no corpo da Igreja", diz arcebispo de Chicago. Cardeais começaram no Vaticano reuniões para definir perfil do novo Papa.
Pedofilia e abusos serão discutidos no conclave, diz cardeal americano
As questões da pedofilia e do abuso infantil dentro da Igreja Católica devem ser algo importante a ser discutido nas congregações gerais das quais cardeais de todo o mundo participam nesta semana no Vaticano, e também no posteriorconclave que elegerá o novo Papa, disse nesta segunda-feira (4) o cardeal arcebispo de Chicago, o norte-americano Francis George. O cardeal descreveu os escândalos de pedofilia como uma “terrível ferida no corpo da Igreja”, e disse que o próximo Papa deve estar atento à questão.
“A questão sexual será importante, porque temos vitimas de abuso sexual, não apenas cometidos por pais, vizinhos, outras pessoas, mas por padres, por bispos. É uma terrível ferida no corpo da Igreja”, disse George na tarde desta segunda-feira (4), em coletiva de imprensa após o primeiro de dois encontros oficiais dos cardeais no Vaticano.
“Temos zero tolerância para qualquer um que tenha cometido abusos contra crianças, isso tem que ser aceito. O próximo papa tem que estar muito atento a isso”, completou.
George deu entrevista ao lado do cardeal arcebispo de Washington, Donald Wuerl. Ambos participaram na primeira congregação realizada nesta manhã, que contou com 103 cardeais eleitores. Os 12 cardeais com direito a voto que ainda não estão em Roma têm sua chegada prevista entre a tarde desta segunda e a manhã de terça-feira (5).
Os cardeais descreveram o encontro desta manhã como cordial e tranquilo, e afirmaram que irão utilizar todo o tempo necessário para que as deliberações sejam feitas com calma. “Os cardeais devem estar livres de pressões externas e também internas”, disse George.
Ambos afirmaram que, por enquanto, não houve nenhuma decisão nem indicação sobre uma possível data do conclave. Para o arcebispo de Washington, é necessário esperar que todos os eleitores cheguem a Roma para poder tomar uma decisão. “Quando será o dia certo para começar, depende de quantas pessoas quiserem falar e do que elas têm a dizer”, disse Wuerl. “Tivemos uma boa manhã, apenas começamos, e terminamos no tempo certo, o que já é um bom presságio”, afirmou.
O Vaticano já havia apontado que espera ter um novo Papa até o domingo de Páscoa, celebrado em 31 de março neste ano. Questionado sobre a possibilidade de a Igreja estar sem Papa durante a Semana Santa, George afirmou que todos esperam que isso não aconteça, mas que não é possível dizer com certeza se o novo Papa já terá sido eleito.
Ambos os cardeais foram questionados a respeito de possíveis conversas entre os eleitores sobre o cardeal escocês Keith O’Brien, que admitiu conduta sexual imprópria, pediu demissão de seu cargo e já afirmou que não participará do conclave. Segundo os norte-americanos, o assunto não surgiu entre os cardeais com quem conversaram nesta manhã. “É um momento trágico para ele, certamente, e o momento trágico foi quando ele foi culpado em sua conduta. Mas não teve nenhuma conversa sobre isso. Não acredito que a tragédia pessoal de um cardeal terá influencia nas discussões”, afirmou George.
Os dois cardeais desconversaram sobre o possível melhor perfil para o próximo papa – um italiano ou um estrangeiro. “Não há como responder, o foco tem que ser em quem poderá liderar a Igreja melhor no futuro”, disse Wuerl. “Muitas pessoas de todo o mundo vão trazer suas visões. O Papa deve ser capaz de falar com todo o mundo, tanto com as pessoas do Congo quanto dos EUA e do Canadá, com todos os católicos do mundo”, afirmou George.
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