Governo rompe silêncio e admite que estado de saúde de presidente se agrava.
Estado de Hugo Chávez piora, admite governo
Duas semanas após retornar a Caracas, o estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é bastante delicado, em consequência de uma nova "severa" infecção respiratória, admitiu o governo na noite desta segunda-feira.
"No dia de hoje há uma piora na função respiratória relacionada como o estado de imuno-depressão próprio de sua situação clínica (...) atualmente (Chávez) apresenta uma nova e severa infecção", informou o ministro de Comunicação Ernesto Villegas ao ler um comunicado.
No documento, o Executivo afirma que Chávez está sendo submetido a sessões de quimioterapia de "forte impacto", além de outros tratamentos complementares para tentar combater o câncer contra o qual vem lutando.
"O estado geral continua sendo muito delicado", afirmou Villegas.
Imediatamente após a leitura do comunicado, transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, Maria Gabriela, uma das filhas do presidente, escreveu em sua conta no Twitter que este é um "momento de oração" e que os familiares estão "apegados a Deus".
Esta é a segunda grave infecção respiratória que Chávez enfrenta desde que foi operado. Na primeira crise, iniciada logo após a cirurgia, o vice-presidente chegou a admitir recentemente que a situação foi "gravíssima", indicando que o governo já se preparava para o pior cenário.
Silêncio e rumores
A informação rompe um silêncio de dias relacionado à saúde do líder venezuelano, que não é visto ou ouvido em público desde dezembro, quando viajou à Cuba para submeter-se à sua quarta cirurgia para extirpar a doença.
No fim de semana, rumores sobre uma piora de seu estado de saúde e inclusive de seu suposto falecimento dominaram as redes sociais.
Saques e um suposto levantamento militar também foram alvo de intrigas que circularam nas redes e em mensagens de texto enviadas por celular. O impacto dos rumores tem sido tanto que o governo fala de uma "guerra de contra-informação" para desestabilizar o país.
Incertezas e "campanhas"
Em meio aos rumores e informes sobre o estado de saúde do líder, prevalece no país o clima de incerteza quanto ao futuro da Presidência venezuelana.
O vice-presidente, Nicolás Maduro, e outros dirigentes governistas afirmam que Chávez continua governando. Porém, cada vez mais o Executivo dá sinais de que dificilmente Chávez voltará a assumir a Presidência como no passado e se esforça em mostrar que o ritmo das ações do governo continua sendo o mesmo, apesar da crise.
Frente a esse panorama, tanto chavistas, como opositores atuam como se estivessem em campanha eleitoral, adiantando-se à convocação de eleições antecipadas caso Chávez renuncie ou venha a falecer.
Do lado governista, o próprio Chávez indicou que caso "algo" lhe acontecesse, seu "sucessor" nas urnas deveria ser o vice-presidente Nicolás Maduro, que tem sido exposto quase que diariamente às câmeras de televisão inaugurando obras governamentais e ensaiando longos discursos, numa tentativa de emular o líder venezuelano.
Maduro é visto como um dos homens mais próximos e leais ao presidente.
Entre os opositores, o presidenciável mais cotado é o ex-candidato e governador Henrique Capriles, que foi derrotado por Chávez nas urnas em outubro do ano passado.
De acordo com pesquisa realizada pela empresa Hinterlaces, 50% dos venezuelanos votariam em Maduro se as eleições fossem hoje, contra 36% dos eleitores que optariam por Capriles.
Protestos
No fim de semana, chavistas e anti-chavistas realizaram pequenas manifestações em Caracas. Os primeiros para defender o "direito à recuperação" do presidente e os outros para exigir "a verdade" sobre seu estado de saúde. A coalizão opositora exige que uma junta médica avalie a saúde de Chávez para determinar se novas eleições devem ser convocadas.
O governo, por sua vez, se limita a dar breves comunicados e de manter viva a esperança dos simpatizantes do presidente. Comovedores spots de TV que marcam a trajetória do mandatário e sua relação com o povo marcam a programação do canal estatal.
Na sexta-feira, altos funcionários do governo inauguraram, acompanhado de uma das filhas de Chávez, uma capela no Hospital Militar de Caracas, onde o líder venezuelano está sendo tratado.
O semblante de tristeza visto no rosto dos dirigentes governistas, principalmente o de sua filha Maria Gabriela, foi alvo de especulações sobre o suposto deterioramento da saúde do mandatário. Ao mesmo tempo, o governo envia mensagens de esperança, dando margem à interpretação de que a recuperação de Chávez seria favorável.
"O teminha de hoje: "o rosto de Maria Gabriela Chávez". Tristeza? Não posso estar feliz se meu pai está doente! Mas continuo apegada a meu Deus", retrucou a filha do presidente em sua conta no Twitter, em resposta aos comentários nas redes sociais, na sexta-feira.
No comunicado desta segunda-feira, o governo afirma que o "comandante-presidente se mantém apegado a Cristo" e que está consciente das dificuldades que enfrenta em sua batalha contra o câncer.
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