Decisão confirma expectativa da maior parte do mercado financeiro. Copom muda comunicado e abre possibilidade de alta nos próximos meses
BC mantém taxa de juros em 7,25%, a mesma desde outubro
Diante do fraco crescimento da economia e da alta da inflação, o cenário da reunião do Copom deste mês foi considerado complexo pelos economistas. "O grande conflito do Brasil é a imperativa necessidade de crescer em um ambiente inflacionário que precisa ser revertido (...) É um quadro muito complexo que impõe a necessidade do governo fazer a opção pelo crescimento ou pela contenção da inflação. Se optar por ambos pode colher o fracasso", avaliou Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora.
Até o momento, a maior parcela dos economistas dos bancos acredita que a taxa permanecerá no patamar de 7,25% ao ano, pelo menos, até o fim de 2013. Alguns deles, porém, já preveem que os juros terão de subir em algum momento neste ano para conter a alta da inflação. A curva do mercado futuro, inclusive, já precifica um aumento dos juros no decorrer de 2013 - apontando para uma taxa de 7,8% ao ano em janeiro de 2014.
O comunicado divulgado pelo BC após a reunião do Copom foi alterado, suprimindo a parte, existente anteriormente, de que os juros permaneceriam estáveis por um "período de tempo suficientemente prolongado" de tempo. O comunicado divulgado hoje apenas informa que o Copom irá acompanhar a evolução do cenário até sua próxima reunião, em abril, para definir os próximos passos na sua estratégia para os juros. Segundo economistas, isso pode significar alta da taxa básica nos próximos meses, até mesmo em abril.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC deve, teoricamente, calibrar os juros para atingir as metas centrais de inflação pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Recentemente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a inflação deverá recuar no segundo semestre deste ano. Em sua visão, embora o IPCA tenha somado 6,15% em doze meses até janeiro, não há risco de descontrole inflacionário. Ele informou ainda que a política de juros poderá ser "ajustada" [elevação da taxa básica] se for necessário for.
De acordo com o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana, a inflação continua sendo um "grande empecilho" ao governo. “A inflação este ano deve ficar em 5,8%, bem próxima do teto da meta estipulada pelo governo que é de 6,5%. O governo precisa parar de incentivar o crédito desenfreadamente e aumentar a possibilidade de produção das indústrias, estimulando a ampliação de fábricas e investimentos mais longos”, diz Dana.
Rendimento da poupança
Com a manutenção dos juros básicos por parte do Banco Central, a rentabilidade da caderneta de poupança também segue estável. Pelas regras definidas pelo governo no ano passado, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial, quando a taxa básica estiver abaixo de 8,5% ao ano. Isso para aplicações feitas de 4 de maio de 2012 em diante.
Com juros em 7,25% ao ano, a poupança continuará sendo remunerada em 5,07% ao ano mais TR. Antes da mudança das regras, a poupança rendia, pelo menos, 6,17% ao ano, mais TR. Na poupança, porém, não é cobrada taxa de administração e nem Imposto de Renda (IR) - ao contrário dos investimentos em fundos. Os recursos podem ser sacados a qualquer momento.
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