Prisão e extradição foram possíveis após o esforço do pai da vítima, que investigou sozinho o caso e reuniu provas contra o suspeito
Preso em Portugal por estupro é extraditado para o Brasil
A Polícia Federal (PF) anunciou nesta sexta-feira a extradição de Alexandre de Oliveira, 34 anos, que estava preso em Lisboa, por ter estuprado em 2005 uma menina de 17 anos, moradora em Birigui, interior de São Paulo. A prisão de Oliveira só foi possível porque o pai da menina, o empresário J.C.M., decidiu investigar o caso - que estava arquivado - por conta própria.
Inconformado com o fato de o criminoso estar solto, o empresário mergulhou no submundo do crime e conseguiu desvendar o mistério, fazendo com que a Justiça, em 2009, reabrisse o caso, que estava praticamente arquivado desde 2007.
Para isso, o empresário visitou pontos de tráfico, conversou com criminosos e informantes da polícia e identificou o estuprador da filha, que tinha se mudado para Portugal, mas deixara um filho em Birigui. Um exame de DNA, confrontando o material colhido da vítima no dia do estupro com o do filho do acusado, confirmou que Oliveira era realmente o estuprador.
Com ajuda da internet, M. localizou Oliveira, que trabalhava numa agência de publicidade em Lisboa, onde morava com a segunda mulher e tinha outro filho. Após a batalha do pai da vítima, a Interpol entrou no caso e prendeu Oliveira em Portugal no dia 18 de outubro de 2012.
Nesta sexta-feira, ao receber a notícia da PF sobre a chegada de Oliveira ao Brasil, o empresário se disse “aliviado”, mas confessou não estar satisfeito. “Estou aliviado, mas quero agora que a Justiça apure os outros crimes cometidos por este bandido”, afirmou.
Segundo M. há pelo menos outras quatro vítimas de Oliveira. “Sei que têm ainda mais quatro garotas que foram estupradas por este sujeito. As autoridades precisam investigar e condená-lo por isso”, afirmou M. Segundo ele, no mesmo dia em que sua filha foi atacada, outras vítimas compareceram à delegacia, embora nenhuma tenha reconhecido Oliveira.
De acordo com o empresário, a polícia precisa descobrir quem era o comparsa que atuou com Oliveira na noite de julho de 2005, quando a menina foi rendida por dois homens armados enquanto namorava dentro do carro, na avenida 9 de julho, uma das principais da cidade. Além do assalto, os bandidos levaram o casal para uma rua distante e um deles estuprou a moça na frente do namorado.
“Esse sujeito (Oliveira) tem de confessar agora quem era seu comparsa, quem era o outro bandido que estava de moto e fugiu depois do crime. Quem é esse bandido que ainda está solto por aí? A polícia precisa prendê-lo também”, comentou M.
O empresário disse que a prisão de Oliveira, embora o alivie, não vai apagar os traumas vividos pela família, que ainda sofre com as consequências. “Minha filha e minha mulher tomam remédios até hoje. E quem vai arcar com isso e com tudo que passei enquanto investigava o paradeiro desse criminoso?”, indagou.
“Para que possa ter um pouco mais de paz é preciso que as autoridades passem agora a investigar e descubram as outras vítimas, que chamem outras vítimas para fazer o reconhecimento. Nas minhas andanças eu soube de quatro, mas não levantei os casos porque estava interessado só no caso da minha filha”, disse.
“Na época, achava que ia fazer besteira quando visse esse sujeito, mas agora acho que ele merece mesmo é pagar pelos crimes que cometeu, não os estupros, mas os outros roubos e furtos que praticou”, disse.
Segundo o advogado Sebastião Rodrigues dos Santos, que defende a filha do empresário, o caso da garota está praticamente encerrado, e basta apenas o julgamento do acusado, que está preso na Cadeia Pública de Penápolis (SP) à espera de remoção para uma penitenciária estadual, para sua conclusão. Sobre outros casos, ele disse que cabe às autoridades investigarem.
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