Funcionário conquistou a confiança do músico e se tornou amigo. Victor Augusto Mehl foi uma das pessoas que encontrou o cantor sem vida.
Segurança de Chorão fala de reação ao ver amigo morto
O segurança e amigo do cantor Chorão, que foi encontrado morto na madrugada da última quarta-feira (6) em São Paulo, contou como era a relação com o músico, e como foi encontrá-lo sem vida. Victor Augusto Mehl diz que foi ele quem pegou o papel e a caneta para Chorão compor a nova música, “Meu Mundo Novo”.
Nos últimos oito anos a vida de Victor foi ao lado de Chorão. O segurança da banda ganhou a confiança do vocalista, e se transformou em amigo. “Eu tinha a senha do e-mail. Eu conquistei tanto a confiança que eu tinha a senha”, explica Victor. O segurança disse ainda que a confiança era tão grande que foi ele que pegou o papel para o cantor compor a nova música. “Vitão! Pega papel e caneta. Era papelzinho de hotel, do criado mudo, eram vários. Ou papel amassado, guardanapo, onde achava um papel escrevia a letra”, lembra.
O segurança que virou mais que amigo acompanhou os últimos momentos do músico. “Começou isso tudo no sábado, umas 2h da madrugada ele me ligou: Vitão, liga para o meu advogado porque o cara aqui da frente me colocou no Youtube”, explica. A última vez que os dois estiveram juntos foi na última segunda-feira, quando Chorão foi para o apartamento, em São Paulo. “Pede amanhã para o Cleber (o motorista) vir me buscar que eu vou para Santos. Daí ao meio-dia o motorista começou a ligar lá na guarita do prédio, e o porteiro interfonava lá em cima, porque ele não tinha telefone. O telefone dele era o meu telefone”.
O amigo pediu para que o motorista voltasse mais tarde pois achava que Chorão estava dormindo. “O motorista me ligou e falou que ele não atendia. Eu disse que ele deveria estar dormindo e pedi para ele (motorista) voltar mais tarde, que ele (Chorão) ia me ligar”, completa o segurança.
Na terça-feira a noite, Victor subiu a Serra com a chave do apartamento onde Chorão estava para ver o que tinha acontecido. "Virei metade da chave e falei que estava com medo, ficamos brancos. Mas falamos vamos lá, abrimos. Quando eu ouvi o grito dele: “Vitão, o cara está aqui no chão”. Aí eu comecei a ficar mal. Como assim? Quando eu olhei eu vi o cara (Chorão) no chão. Ele disse que o “tiozão” (Chorão) estava morto, eu falei mentira, cara”, se emociona o amigo.
Para Victor o que fica são as lembranças. “A gente sabe que vai morrer, mas o nosso cérebro é tão legal que não nos faz pensar na morte. Eu tenho orgulho, orgulho mesmo. Valeu “Choris”, vai deixar saudade”, completa.
Morte
Chorão foi encontrado morto em seu apartamento na Rua Morás, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (6). Ele tinha 42 anos. O músico foi visto desacordado pelo seu motorista, que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No local a unidade de resgate constatou que ele já estava morto.
A Polícia Militar disse ter recebido um chamado às 5h18 para "verificação de morte natural em um apartamento". Chorão morava no 8º andar do edifício. Segundo a assessoria do vocalista, o estado de saúde do cantor era bom. O músico estava de férias e embarcaria para os Estados Unidos em breve.
O apartamento do cantor estava danificado. A polícia acredita que os danos foram feitos pelo próprio cantor, já que o corpo de Chorão foi encontrado com o dedo machucado e havia sangue no local. O delegado Itagiba Vieira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que não acredita que Chorão tenha sido vítima de homicídio.
Histórico
O cantor e letrista liderava a banda que foi formada e estabelecida na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, na década de 1990. Em 15 anos de carreira, a banda lançou dez discos, segundo o site oficial do grupo. Paulistano, adotou a cidade de Santos desde a juventude, onde criou o Charlie Brown Jr..
O grupo vendeu 5 milhões de cópias. Além de vocalista e letrista, Chorão era o responsável pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2004, o álbum "Tâmo aí na Atividade” foi premiado com o Grammy Latino. No ano passado, o grupo lançou o álbum “Música Popular Caiçara”, com destaque para a música "Céu Azul".
Chorão foi o único integrante do Charlie Brown Jr que esteve em todas as formações da banda. O apelido é da adolescência. Quando ele ainda não sabia andar de skate, ficava apenas olhando os amigos. Um deles virou para Chorão e disse para ele "não chorar".
Roteirista do filme “O Magnata”, já realizado, e do longa metragem “O Cobrador”, em andamento, como empresário administrou marcas de skate e viabilizou a realização de grandes eventos de skate no Brasil, além de manter o Chorão Skate Park em Santos.
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