Vereadores abriram comissão para investigar fraude no Samu. Thauane Ferreira chegou a ser presa por fraudar controle de ponto.
Médica investigada chega para depor sobre fraude dos dedos de silicone
A médica flagrada usando dedos de silicone no Samu de Ferraz de Vasconcelos entrou no plenário da Câmara às 9h05 desta terça-feira (26) para depor à Comissão Especial de Inquérito (CEI) criada para investigar o caso. Thaune Nunes Ferreira chegou com dois advogados e não falou com a imprensa.
No dia 10 de março, a médica foi flagrada usando dedos de silicone para marcar o ponto de colegas. Com ela foram apreendidos seis dedos de silicone e comprovantes impressos pelo equipamento que controla o horário dos funcionários. Um vídeo foi feito no momento em que ela fraudava o sistema. Ela chegou a ser detida por falsificação de documento público, mas foi solta porque a Justiça concedeu um habeas corpus.
A comissão criada pelos vereadores de Ferraz de Vasconcelos tem sete membros e, segundo a câmara, dependendo do teor do depoimento de Thauane, a CEI vai definir quem vai ser ouvido. A investigação deve ser concluída com um relatório que pode recomendar a exoneração de pessoas e o ressarcimento dos prejuízos aos cofres públicos.
Eunice Nunes, mãe de Thauane, comparece ao
depoimentos da filha (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
A mãe de Thauane, Eunice Nunes, acompanhou a filha e falou pela primeira vez com a imprensa. “Eu gostaria que vocês falassem com o único culpado.” Questionada sobre quem seria o culpado, ela completou: “Não cabe a mim julgar, existem pessoas mais competentes para isso.”
Investigação
Em depoimento ao Ministério Público, Thauane contou como era o esquema e apontou que ele seria chefiado pelo então coordenador do Samu, Jorge Cury.
O caso também é investigado pela polícia e pelo Ministério Público, que ouviu Thauane no dia 15 de março. Ela contou que era forçada a participar do esquema com os dedos de silicone. Além do Ministério Público e da Câmara de Ferraz de Vasconcelos, a Polícia Civil também apura o caso. O delegado de Ferraz de Vasconcelos Wagner Lombisani já começou a ouvir alguns funcionários do Samu. O Ministério da Saúde também faz auditoria no serviço.
Na semana em que a fraude foi descoberta, o secretário municipal de Segurança, Carlos César Alves, disse que os médicos do Samu tinham que repassar o valor ganho pelos plantões não trabalhados a Jorge Cury. A vantagem dos profissionais seria a flexibilização da agenda para poder trabalhar em outros locais. “Cada médico que participava do esquema pagava R$ 1,2 mil por turno de 24 horas aos fins de semana para o Jorge Cury”. Alves ainda afirmou que o pagamento era feito por transferência bancária.
Dedos de silicone eram usados para fraudar
controle de presença. (Foto: Gladys Peixoto/G1)
Desde que o caso começou a ser investigado, o médico Jorge Cury se manifestou apenas no dia em que o flagrante foi feito. Ele negou envolvimento nas irregularidades. “Isso é um absurdo! Sou funcionário da prefeitura há 25 anos. Eu nunca soube disso. Passo no Samu todo domingo e nunca faltava funcionário. Hoje que não fui aconteceu isso.”
Afastados
Na quarta-feira (20), o prefeito de Ferraz de Vasconcelos determinou o afastamento de mais dois médicos do Samu: Caio José Losito Mantovani e Ronnie Muniz de Oliveira. A identidade deles foi divulgada na terça-feira (19) após perícia feita no cartão de ponto e nos dedos de silicone, localizados com a médica Thauane Nunes Ferreira no dia 10 de março.
A determinação partiu do prefeito Acir Filló, por meio de uma portaria. Segundo ele, os dois serão investigados por meio de uma sindicância aberta pela adminstração municipal. Caso a fraude seja comprovada, os médicos envolvidos poderão ser exonerados.
Além dos médicos que foram afastados, prefeitura já tinha impedido que outros cinco socorristas trabalhassem: a médica Thauane Ferreira dos Santos, que foi flagrada com usando os dedos de silicone para marcar a presença dos colegas, o coordenador do Samu, Jorge Cury e os médicos Rodrigo Gil de Castro Jorge, Felipe de Moraes e Aline Cury.
Outro lado
A reportagem do G1 tentou entrar em contato com os médicos Rodrigo Gil de Castro Jorge, Felipe de Moraes, Aline Cury e Thauane Nunes Ferreira, mas não conseguiu. Caio José Losito Mantovani e Ronnie Munis de Oliveira também não foram localizados.
Em nota à produção do Fantástico, enviada no domingo (17), o advogado de Felipe de Moraes disse que o médico "não participou de nenhum esquema de fraude e que nunca recebeu dinheiro sem que tivesse trabalhado nos plantões."
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