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Sucesso do Candy Crush reflete nova relação com games
O Candy Crush Saga foi o aplicativo que mais gerou receita no iPhone e no iPad em 2013. Mas como esse jogo se tornou uma febre entre os usuários de dispositivos móveis?
Qualquer um que viaje de metrô em Nova York, Paris, Londres, Tóquio ou São Paulo verá uma multidão de pessoas com o olhar esbugalhado, fixado em uma só coisa: eliminar doces vermelhos e laranjas.
O jogo também é imensamente popular no Facebook, com o site hospedando diversas páginas dedicadas aos fãs confessos do jogo.
No mundo inteiro, estima-se que o Candy Crush Saga fature cerca de US$ 1 milhão (R$ 2,5 milhões) por dia de seus usuários, de acordo com Appdata, que analisa a performance de aplicativos.
Apesar de gratuito, o aplicativo gera receitas imensas ao fazer com que os usuários paguem para atingir níveis avançados.
O pagamento envolve vidas extras e acessos a níveis mais altos. Essas microtransações já foram duramente criticadas, mas a empresa que desenvolve o jogo, King, baseada no Reino Unido, reitera que mais da metade dos jogadores chega ao último nível sem qualquer "ajuda financeira".
As receitas robustas levaram à especulação de que a King estaria se preparando para realizar uma oferta pública de ações (IPO) nos EUA.
A empresa se aproveitou da mudança na forma de como as pessoas jogam videogames. Havia um tempo em que o público alvo desse tipo de entretenimento se restringia a homens, em sua maioria jovens, de posse de um console.
O advento dos smartphones e dos tablets mudou esse terreno - tanto que o típico jogador do Candy Crush Saga é hoje mulher, com idade entre 25 e 45 anos.
Vício
A veneração das pessoas ao aplicativo é tão grande que muitas delas chegam a mudar o relógio interno do celular para ganhar mais vidas.
Laura Wilson, usuária que viajava em um trem londrino na tarde da última sexta-feira, jogou Candy Crush por apenas alguns minutos antes de perder todas suas vidas.
Após um leve suspiro, ela fechou o aplicativo em seu iPhone e abriu um e-book. Para ela, o livro digital era um consolo. "Você fica viciado", resume.
E Laura não está sozinha.
A qualquer horário no metrô de Londres, centenas de passageiros estão vidrados em seus celulares jogando Candy Crush.
Dois homens, um na faixa de 40 anos e outro na faixa de 20 anos, estavam sentados, um em frente ao outro, tentando desesperadamente não perder vidas.
Seis em cada dez jogadores britânicos usam o aplicativo durante as suas jornadas rumo ao trabalho.
"É bom para aliviar o estresse", diz Amy Bolton, uma estudante de 21 anos da Universidade de Newcastle.
Jogadores como Amy acessam o aplicativo de forma intermitente durante o dia, segundo estatísticas internas usadas pelo King. Uma sessão rápida aqui e acolá ajuda os usuários a progredir nas centenas de fases do jogo.
Alguns dos jogadores mais ávidos acompanham as atualizações da King, que até hoje já liberou mais de 500 níveis do aplicativo.
Os usuários podem começar um jogo no café da manhã enquanto estiverem navegando pelo Facebook. Eles também podem jogá-lo em seu celular no caminho ao trabalho, onde poderão ligar seu iPad e continuar. Essa continuidade é considerada pela King como uma das chaves do sucesso do Candy Crush.
Funcionalidade
O executivo-chefe de creatividade da King, Sebastian Knutsson, diz que sua equipe não imaginava que o Candy Crush - inicialmente desenvolvido para o site da empresa - faria tamanho sucesso.
A funcionalidade do jogo, bem como a forma como ele raciona as vidas, foi cuidadosamente criada para fazer com que as pessoas não se cansem de retomar o jogo. Os usuários verificam com frequência quando sua nova vida será liberada para que voltem a jogar. É um vício bem arquitetado, que teve boa receptividade entre o público.
"Eles dão vidas ilimitadas, ou os níveis não ficam tão desafiadores", diz Amy Bolton, explicando por que prefere o Candy Crush aos concorrentes.
Ainda que Knutsson diga que a King "não quer ser uma empresa (exclusivamente) do Candy Crush", o game é, de longe, seu principal ativo, responsável por grande parte dos 225 milhões de usuários únicos mensais da empresa. A Appdata, que analisa aplicativos do iOS e do Facebook, estima que o Candy Crush Saga tenha 137 milhões de usuários ativos por mês, uma posição líder.
Muitos criticam a estrutura de receitas do game - cujo download é grátis, mas cuidadosamente orquestrado para levar os usuários a gastar dinheiro.
Mas Knutsson diz que a King continuará a acrescentar níveis ao Candy Crush - e o vício vai continuar.
Bolton admite que, antes de ir dormir, ela geralmente acaba jogando uma partida. "E, quando fecho os olhos, continuo vendo as formas do jogo, como um Candy Crush virtual na minha cabeça."
Fonte:
BBC
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/1846/visualizar/
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