Polícia diz que empresa não cumpriu com o projeto e empresário afirma que os erros estavam na planta e contrato não foi respeitado
Obra da sede da PF está abandonada
Projetado para ser uma moderna delegacia da Polícia Federal, o prédio localizado ao lado da atual sede da PF, no município de Cáceres, encontra-se abandonado desde março de 2010, devido a divergências entre a Salomão Construtora – empresa responsável pelas obras – e a PF.
Tomado pelo matagal, o prédio atualmente tem servido de estacionamento improvisado para carros enguiçados da polícia.
Iniciada em 2009, a obra se destinava a abrigar uma unidade com dois pavimentos, com auditório, confortáveis gabinetes, espaço para a prática de tiro e inclusive um heliporto.
A nova delegacia, em tese, deveria ser um moderno centro para intensificar os trabalhos, principalmente, no combate ao tráfico de drogas. Situada na região da fronteira com a Bolívia, Cáceres é considerada uma das principais portas de entrada de drogas e armas ilegais no Brasil.
A Construtora Salomão acusa a PF de não ter honrado os pagamentos firmados no contrato. Ao jornal Folha de São Paulo, o proprietário da empresa, Wagner Salomão, classificou a saída da construtora como “último recurso”.
“Se alguém levou baile nessa história, fomos nós. Recebemos um projeto cheio de erros e tentamos cumprir. Mais tarde, usaram esses mesmos erros para bloquear nossos pagamentos. Ficamos quatro meses sem receber”, disse.
Ele afirmou que já acionou a PF na Justiça para reaver a quantia de R$ 1 milhão. A PF, por sua vez, pontua que após o contrato ser rescindido, a empresa foi multada em R$ 500 mil.
A obra havia recebido investimentos de R$ 5,5 milhões do Ministério da Justiça.
Desde o encerramento do contrato entre as partes, um grupo de operários que prestava serviço para a Salomão Construtora ficou sem receber direitos trabalhistas.
O advogado Eduardo Sortica, que representa 23 operários, contou que pretende acionar a União para que a quantia seja paga aos trabalhadores. A grande parte do capital da empresa (88%), como consta no contrato social, é representada por uma fazenda que nunca foi localizada.
“Quem responde pela Polícia Federal é União, temos que conseguir um jeito de fazer com que os direitos sejam cumpridos, já que ganhamos a ação na Justiça”, disse.
Por meio de nota, a PF informou que, depois de realizada uma licitação, as obras no prédio foram retomadas em março, com previsão de conclusão para outubro.
O deputado Airton Português vai encaminhar um ofício hoje para PF solicitando informações sobre a paralisação da obra. Conforme o deputado, o objetivo é contribuir para a solução do impasse.
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