Perri disse que o interesse do Judiciário é eliminar as "maças podres". Servidor e outros três foram presos durante operação do Gaeco.
TJ-MT investiga servidor suspeito de tentar comprar decisão para traficante
Preso por suspeita de tentar comprar sentença favorável a traficantes de drogas, um servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), de 33 anos, deve ser investigado por uma comissão de sindicância. O anúncio foi feito pelo presidente do TJ-MT, Orlando Perri, nesta terça-feira (9), mesma data da prisão do funcionário. Além dele, outros três supostos integrantes do esquema também foram detidos durante a Operação Assepsia, deflagrada em Mato Grosso e outros 11 estados.
Perri declarou que o órgão irá atuar com rigor na apuração do caso e, se for comprovada a acusação do Ministério Público Estadual (MPE), o servidor deverá ser exonerado. "Vamos avaliar o afastamento dele do cargo até que se analise todo tipo de prova para averiguar a culpabilidade desse servidor. Se comprovado o envolvimento dele a pena será a exoneração”, declarou.
Sobre os criminosos citarem o nome de um desembargador do TJ nas conversas interceptadas pela Justiça, o presidente do Tribunal alegou que o servidor, na área de atuação, não tinha ligação com o magistrado. Segundo ele, o desembargador atua nas Câmaras Criminais Reunidas, enquanto o servidor nas Câmaras Cíveis Reunidas. "Tem muito estelionatário, mercadores de sentenças, vendendo magistrados sem que os magistrados saibam”, afirmou.
Ele disse ainda que se colocou à disposição do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) logo que soube das investigações contra o servidor. "Ficamos sabendo há poucos dias que seria desencadeada essa operação e imediatamente nos colocamos à disposição do Gaeco para o que fosse necessário. A Justiça está atuando para extirpar as maçãs podres. O que importa é que não baixemos a guarda para a corrupção, o que importa é que o Judiciário está combatendo essa praga", enfatizou o magistrado, durante entrevista coletiva.
Com o intuito de convencer o servidor da Vara Especializada contra o Crime Organizado, Ordem Tributária e Econômica e Administração Pública redigir uma decisão favorável a um dos suspeitos de tráfico, o grupo teria dito para a vítima que parte do R$ 1 milhão oferecido como propina seria destinada ao desembargador do TJMT, conforme inquérito conduzido pelo Gaeco.
Ainda na tentativa de fazer com que o funcionário entrasse no esquema, o advogado também usou o nome de um então secretário municipal de Cuiabá e atual vereador da capital, "dizendo que ele era o articulador daquele negócio ilícito". Por causa disso, os acusados também devem responder pelo crime de exploração de prestígio e por corrupção.
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