Conab revisou para cima volume de grãos do Estado. Resultado recorde foi obtido pela expansão espacial. Não pelo rendimento
Área puxa resultado de MT
Mato Grosso está superando, por mais um ano consecutivo, o próprio recorde de produção de grãos e fibras e assegurando a liderança nacional das commodities agrícolas. O topo está garantido graças ao avanço das áreas plantadas com soja e milho que evoluíram de um ciclo para outro, 12% e 25%, respectivamente. O milho, por exemplo, superou a casa dos 3 milhões de hectares cultivados e a segunda safra com o cereal trouxe novo ineditismo à série histórica: a superfície coberta representa neste ciclo 42,25% da área da soja, cultura que abre o ano-safra no Estado e é carro-chefe do agronegócio e das exportações locais.
Essa safra fecha com produtividade negativa, uma imposição do clima adverso e das pragas e doenças que tiraram o sono e a renda do produtor, especialmente, na sojicultura.
Ontem, o volume estimado para a safra 12/13 foi revisado para cima, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ao contrário do levantamento de março quando a correção mensal reduziu em 0,5% em relação à estimativa anterior (fevereiro), neste sétimo levantamento a produção foi elevada para 43,60 milhões de toneladas (t), incremento de 8,1% sobre o volume de 40,35 milhões t contabilizados em 2011/12. Essa revisão da Conab supera inclusive a inicial que previa 43,47 milhões t para Mato Grosso. Em média, a produtividade estadual de grãos e fibras encolheu 2,9% em relação ao ciclo anterior.
A perda do rendimento por hectare é visível quando se compara o volume estadual com o nacional. Mesmo com números recordes, a participação mato-grossense sobre o total nacional encolhe de 24,28% para 23,69%. Na comparação, a produção estadual passou de 40,35 milhões t para previsão de 43,60 milhões t e a nacional de 166,17 milhões t para 184,04 milhões. No Centro-Oeste, Mato Grosso responde por 59% do total.
Paraná, o principal concorrente do Estado, fecha o ciclo com uma safra de recuperação em relação ao ano anterior, ao passar de 31,44 milhões t para 37,33 milhões t, alta de 18,7%.
CULTURAS – O milho ganha novamente destaque na produção mato-grossense. Mesmo com um início de cultivo complicado em função dos atrasos na colheita da soja – que automaticamente represa o cultivo do cereal, pois a área usada é a mesma – a superfície plantada foi recorde, ultrapassou os 3,30 milhões ha, crescimento de 25% sobre a área anterior, 2,64 milhões. O peso da perda de produtividade é real já que a expansão espacial representa mais que o dobro da produção.
Outro diferencial das previsões ao milho é o ganho de participação sobre o total nacional. Considerando a projeção para o Estado e para o Brasil, 42,68 milhões t, Mato Grosso ofertará neste ciclo 40% do total segunda safra, ante 38,4% na safra 2011/12. A participação poderia ser maior, não fosse a perspectiva de uma produtividade 10% inferior.
Segundo a Conab, o volume, mesmo recorde para o milho segunda safra, passa de 15,02 milhões t para 16,78 milhões, ou, 11,7% maior. Mas, a estimativa é passível de correções durante os próximos meses, a lavoura está em desenvolvimento no campo e há risco decorrente do plantio fora do período tecnicamente recomendado, que no Estado vai até o final de fevereiro.
SOJA – Supremacia do grão segue conduzindo o agronegócio estadual. Com a colheita já encerrada, a produção atinge 23,93 milhões t, superando em 9,5% a anterior, 21,84 milhões t. A área também evoluiu acima do volume. Conforme a Conab, foram cultivados 7,81 milhões ha ante 6,98 milhões em 11/12, mas a produtividade ficou 2,2% abaixo do observado ano passado. O fator clima que tirou o rendimento esperado da soja mato-grossense não impediu que o Brasil batesse, até o momento, os Estados Unidos, como vinha sendo prospectado no ano passado. A produção supera os 80 milhões t do principal concorrente mundial ao somar 81,94 milhões t, 23,4% acima do ano anterior, quando colheu 66,38 milhões t. No país, a área plantada da oleaginosa, 27,71 milhões ha é recorde e supera em 10,7% a superfície anterior.
Ainda entre as importantes commodities produzidas em Mato Grosso está o algodão e o arroz, ambos em trajetórias distintas. A pluma, em pleno desenvolvimento no campo, deve ter a produção 35,7% inferior ao ano passado, já que a área cultivada encolheu 36%. Conforme o sétimo levantamento da Conab, Mato Grosso segue ofertando mais de 59% da pluma nacional, mas a área plantada em função da migração para o milho, por exemplo, passou de 725,7 mil ha para 464,4 mil e a produção deve atingir 637,3 mil t ante 1,04 milhão t.
O arroz recupera parte da área, de 143,4 mil ha para 166,3 mil, ganho de 16% e a produção de 461,3 mil t para 528 mil t, +14,5%.
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