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Nacional
Quinta - 11 de Abril de 2013 às 07:27

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#cerveja (Foto: Philippe Huguen/AFP)

Consumo frequente de bebida aumentou 20%
proporcionalmente em seis anos, diz estudo da
Unifesp (Foto: Philippe Huguen/AFP)

Um estudo publicado nesta quarta-feira (10) em São Paulo mostra que o consumo frequente de álcool tem se tornado cada vez mais comum entre os brasileiros. Segundo a pesquisa, a proporção de pessoas que bebem ao menos uma vez por semana – os chamados "bebedores frequentes" – aumentou 20% ao longo dos seis anos.

"Houve um aumento do consumo entre os que bebem. Você tem mais de um milhão de pontos de venda [de bebida alcoólica], as pessoas são estimuladas a consumir", disse Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um dos autores da pesquisa.

Os dados são do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad). Foram analisadas as respostas dadas por 4.607 pessoas de 149 municípios de todos os estados do país, na pesquisa de 2012. Com isso, foi possível fazer uma comparação com a primeira edição do Lenad, que avaliou dados de 3.007 voluntários, entrevistados em 2006.

Apesar do aumento na frequência de ingestão de álcool entre os que bebem, a quantidade de pessoas que dizem beber mudou pouco no período. O índice de abstinência, ou seja, de pessoas que não consomem álcool, subiu de 48%, em 2006, para 52%, em 2012, diferença que os pesquisadores da Unifesp consideraram insignificante.

Bebendo com mais frequência
Em 2006, 45% dos adultos entrevistados no Lenad diziam consumir bebidas alcoólicas uma vez por semana ou mais, o que configura um "bebedor frequente". Em 2012, o número saltou para 54%, o que significa um aumento proporcional de 20% em seis anos, segundo o Lenad.

O crescimento foi maior entre as mulheres: 29% das entrevistadas admitiam beber uma vez por semana ou mais, em 2006, contra 39% em 2012, uma elevação proporcional de 34,5%. Já entre os homens, o índice dos que admitiam beber uma vez ou mais por semana passou de 56% em 2006 para 64% em 2012, crescimento de 14,2% proporcionalmente, de acordo com o estudo.

Beber e dirigir
As políticas de Lei Seca no trânsito têm dado resultado, indicam os dados do Lenad. Em seis anos, houve uma queda proporcional de 21% entre os que admitem ingerir bebida alcoólica e dirigir - eram 27,5% dos entrevistados em 2006 e agora são 21,6%.

A queda foi mais acentuada entre os homens (19%, entre 2006 e 2012), mas eles seguem como maioria entre os que infringem a lei. Em 2012, 27,3% dos entrevistados afirmaram ter dirigido depois de beber, contra 7,1% das entrevistadas.

Região "campeã"
O Nordeste foi a região com redução mais acentuada na ingestão de bebida ao volante. Houve queda proporcional de 43% entre os que admitiam dirigir após beber. Em 2006, 39% dos entrevistados na região diziam infringir a Lei Seca, contra 22% dos indivíduos em 2012.

Já no Sudeste, segunda região com maior queda proporcional, a redução foi de 25% no mesmo intervalo de tempo. Em 2006, 24% dos entrevistados na região diziam dirigir após beber, contra 18% dos entrevistados em 2012.

Para Laranjeira, a única medida com fiscalização efetiva contra o consumo de álcool é a Lei Seca. "O mercado do álcool permanece intocado. Precisa mexer nas políticas [públicas]", ponderou.

Beber muito e rápido
Um dos tipos mais preocupantes para o médico, o chamado "beber em binge" ou beber muitas doses rapidamente - que acontece nos "esquentas" para festas, por exemplo, de acordo com os pesquisadores - cresceu 31,1% proporcionalmente, em seis anos. Em 2006, 45% da população de bebedores admitiam ter este comportamento, índice que passou para 59% em 2012.

O aumento novamente foi maior entre as mulheres - 36% das que diziam ingerir álcool tinham esta prática nociva de beber em 2006, contra 49% na última medição do Lenad, em 2012. Proporcionalmente, a elevação foi de 36%, segundo a Unifesp. "É o abuso que acontece em festas, por exemplo", definiu Laranjeira.

Álcool e violência
Segundo o Lenad, quase um terço (27%) dos homens com menos de 30 anos que bebem já se envolveram em brigas com agressão. O número é alto em comparação com os indivíduos na mesma faixa etária que não ingerem álcool - só 6% estiveram em brigas, em 2012.

A posse de arma de fogo e o ato de andar armado também sobem quando a análise inclui homens com menos de 30 anos que bebem, informa o estudo. Entre os indivíduos que não ingerem álcool, só 5% admitiram usar arma. Já entre os que têm menos de 30 anos e bebem, 10,3% andam armados.

De acordo com os pesquisadores, em 50% dos casos de violência doméstica (3,4 milhões de pessoas) registrados em 2012 houve ingestão de álcool por parte do agressor, o que sugere uma relação entre a agressão em casa e a bebida.

"Estamos despreparados para atender pessoas que querem parar de beber", ressaltou Laranjeira, referindo-se às políticas públicas do Brasil. "A gente combate a violência doméstica, mas o álcool como origem destes casos, não."





Fonte: Do G1

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