Gravação foi feita por detentos e cita sigla de facção criminosa. Magistrado determinou que Ministério Público tome providências.
Juiz manda investigar vídeo de funk gravado dentro de presídio de Cuiabá

A gravação de um vídeo de funk feita por detentos de dentro da Penitenciária Central de Cuiabá, antigo Pascoal Ramos, por meio de celulares com acesso à internet e postado por eles na rede social será alvo de investigação por determinação da Justiça. No vídeo, divulgado pelo G1, mostra parte da quadra de esportes onde os presos da PCE, praticam exercícios e tomam banho de sol, além de menções à sigla de uma facção criminosa e a bairros, alguns com altos índices de criminalidade, da região metropolitana da capital (assista ao vídeo).

O juiz da 2º Vara Criminal da capital, Geraldo Fidelis, mandou que o Ministério Público do Estado se manifeste sobre o caso e tome providências em caráter de urgência, diante da fragilidade do sistema prisional e a “liberdade” dos presidiários em publicar na internet vídeos e fotos nas prisões. A determinação do magistrado foi feita nesta quinta-feira (18).

O vídeo feito pelos detentos tem quase seis minutos de gravação e foi inicialmente postado em uma rede social. Em seguida, um internauta inseriu-o no site de compartilhamento de vídeos Youtube, onde está disponível para visualização desde o final de março.

A Penitenciária Central é a maior do estado com capacidade para 850 presos, mas abriga pouco mais que o dobro desse número: 1.970.

Funk
A resolução das imagens é baixa, mas elas focam em um homem de boné vermelho e camisa listrada que não demora a improvisar a letra de um funk. Ao fundo, presos jogam futebol, outros se reclinam num dos muros da quadra enquanto o autor do funk - que se identifica nas rimas como “MC Boladão” - gesticula e começa a ser acompanhado por um colega, que produz com a boca o fundo “instrumental” da canção improvisada.

“Vou te dar um papo reto e você preste atenção”, canta o detento, antes de comentar na letra do “bonde” a própria postagem nas redes sociais do material, o qual também inclui trecho onde o cantor toma o celular e vira-o na direção do colega que até então o filmava, a quem chama pelo apelido de “Professor”.

Em outro momento, o funkeiro passa a enviar “salves” e citar bairros da região metropolitana de Cuiabá, como Tijucal, Jardim Passaredo, Cohab Canelas (no município de Várzea Grande), Coophema e Pedra 90.

A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), responsável pelo sistema prisional em Mato Grosso, confirmou que as imagens do vídeo foram captadas nas dependências da Penitenciária Central do Estado.

Por meio da assessoria de imprensa, a instituição registrou que não tinha conhecimento acerca da gravação do vídeo e que levantamento preliminar já foi conduzido a fim de apurar as circunstâncias em que isso ocorreu. A Sejudh ainda anunciou duas providências a respeito: identificar tanto os presos que aparecem nas imagens quanto os responsáveis pela gravação e abrir procedimento disciplinar contra todos eles.