Críticos recriminam nova pesquisa sobre clonagem nos EUA

As promessas feitas por cientistas de que os avanços na clonagem terapêutica anunciados nesta quarta-feira não levarão à clonagem de um bebê não serviram para acalmar os críticos do trabalho.
 

Para O. Carter Snead, professor de direito da Universidade Notre Dame, uma instituição católica de Indiana, a nova pesquisa "vai levar inexoravelmente à clonagem para produzir uma criança nascida viva".
 

O novo estudo usou técnicas semelhantes às que criaram a ovelha clonada Dolly em 1996. Cientistas da universidade de Saúde e Ciência do Oregon e do Centro Nacional do Oregon de Pesquisas com Primatas inseriram uma célula cutânea adulta em um óvulo humano cujo material genético havia sido removido.
 

Após várias inovações que lhes permitiram ter sucesso onde outros cientistas fracassaram durante 15 anos, eles conseguiram fazer o óvulo se dividir e se reproduzir como um óvulo fertilizado, embora nenhum espermatozoide tenha chegado nem perto.
 

O processo é chamado de clonagem terapêutica porque ele cria células-tronco embrionárias, com as quais cientistas esperam no futuro tratar lesões e doenças degenerativas. Mas, para críticos, o resultado foi abominável.
 

A clonagem humana para qualquer fim é inconsistente com a responsabilidade moral de "tratar cada membro da família humana como um presente único de Deus, como uma pessoa com sua própria dignidade inerente", disse em nota o presidente do Comitê para Atividades Pró-Vida da Conferência Episcopal dos EUA, cardeal Seán O"Malley.
 

"Criar novas vidas humanas em laboratório só para destruí-las é um abuso denunciado até por muitos que não partilham das convicções da Igreja Católica sobre a vida humana."
 

Para o cardeal, as garantias dos cientistas sobre o não-uso da nova técnica para gerar bebês não altera a equação moral.
 

"Seja usada para um propósito ou outro, a clonagem humana trata os seres humanos como produtos, fabricados a fim de atenderem aos desejos de outras pessoas", afirmou ele. "Um avanço técnico na clonagem não é progresso para a humanidade, e sim o contrário."
 

Vários Estados americanos já proíbem expressamente o uso de verbas públicas para a clonagem reprodutiva, e seis deles proíbem a própria prática da clonagem terapêutica. O Oregon não está entre eles.