Quatro jovens falaram ao G1 sobre estradas fechadas e bairros devastados. Grande tornado matou 24 e devastou região em Oklahoma City.
Brasileiros relatam medo e vontade de ajudar após tornado em Oklahoma
Matheus e amigos brasileiros chegam a distrito devastado por tornado para ajudar vítimas (Foto: Matheus Caldas/ Arquivo Pessoal)
Medo, impotência e desespero em ajudar. É o que contaram ao G1 quatro brasileiros que moram em Oklahoma e que, na hora do tornado, estavam escondidos. Três deles se refugiaram no subsolo da capela da universidade.
Um enorme tornado de mais de 2 quilômetros de diâmetro passou pelo estado de Oklahoma na segunda (20). O estrago foi enorme, com milhares de casas dizimadas, pelo menos 24 mortos e mais de 300 feridos.
“Tem muita gente desesperada porque perdeu seus familiares ou que ainda não os localizou e, ainda, tem pessoas que perderam tudo o que tinham”, conta Felipe Lopez, natural de Foz do Iguaçu.
Felipe mora na cidade de Norman, a pouco mais de oito quilômetros da cidade de Moore, subúrbio de Oklahoma City, que foi praticamente dizimada pela tempestade de segunda (20). Quando voltava do trabalho para sua casa depois da tragédia, ele conta que viu quarteirões inteiros destruídos, hospitais, centros de compras e várias escolas. “A situação aqui é muito grave, não sobrou nada. Agora, só se vê bombeiros e equipes de resgate trabalhando sem parar para ajudar as vítimas e possíveis soterrados”.
Felipe falou também em muitas estradas fechadas e congestionadas. “Demorei 6 horas para chegar em casa”. Felipe não conseguiu ser voluntário, pois as autoridades pedem que as pessoas não saiam de suas casas para ir para os lugares atingidos porque irá atrapalhar o trabalho das equipes de resgate. “Eles dizem que já tem muita gente trabalhando. A Guarda Nacional, a Cruz Vermelha, O Exército da Salvação e muitos policiais locais.”
As pessoas podem ajudar efetivamente doando roupas, comida e suplementos para crianças, segundo as entidades.
Mas outros três brasileiros, André, Eric e Matheus – que moram a poucos quilômetros da cidade de Felipe – não conseguiram ficar em casa depois do que viram. “Nós não podíamos ir para Moore [ a cidade mais atingida], mas decidimos percorrer de carro as áreas rurais aqui no entorno de Shawnee e ajudar as pessoas na procura de documentos e fotos”, contou Matheus Caldas Costa, de 25 anos, estudante de Educação Física da Universidade Batista de Oklahoma.
Matheus conta que quando chegaram a um distrito pequeno totalmente destruído as pessoas estavam sem saber muito o que fazer. “Nós chegávamos e perguntávamos o que nós podíamos fazer”. A maioria, conta, pedia por documentos e fotos. “Uma menina que conhecemos teve a casa completamente destruída e os pais estavam internados”, conta Matheus. “É tudo muito terrível”.
A cidade de Shawnee, onde Matheus mora com mais quatro brasileiros, não foi tão afetada quanto Moore e Norman, mas nem por isso se preocuparam menos. “O sentimento é horrível, é o sentimento mais doloroso que já tive. Nós vimos o tornado passando a 10 minutos de nós, olhávamos e pensávamos ‘aquele lugar está sendo destruído’”.
Ele, seu irmão André e o seu amigo Eric Borges Silva, Natal, de 26 anos – todos brasileiros – estavam dento de casa quando a televisão começou alertar de que passaria um forte tornado. “Como já estamos acostumados, nem nos preocupamos tanto. Saímos de casa correndo para o subsolo da capela da universidade”, conta André Caldas Costa, de 25 anos, irmão de Matheus. Um kit é necessário levar para esses “lugares-refúgio”, explicou o rapaz: “passaporte, computador e documentos da universidade”.
Os irmãos conseguiram falar com a família pelo Skype para dizer que estava tudo bem com eles, mas que a situação não era normal.
Morando desde 2010 em Oklahoma, Eric, Matheus e André nunca viram um tornado como esse. “A experiência de você estar no foco de um tornado é alo que você desacredita. No Brasil, vimos essas coisas pela TV, pelos jornais. Mas viver isso é doloroso demais. E é terrível, porque não se pode fazer nada. É a natureza”, explica Eric, que estuda ciência da computação também na Universidade Batista.
“Agora é recuperar o que dá. Não podemos fazer nada além disso”.
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