Dos escombros de uma pequena cidade americana, surgem duas histórias ligadas ao Brasil. São histórias feitas de amor e de muita sorte.
Família de brasileira usa abrigo subterrâneo e escapa de tornado
Dos escombros de uma pequena cidade americana, surgem duas histórias ligadas ao Brasil. São histórias feitas de amor e de muita sorte.
Quando tudo parece perdido, ainda se encontra um motivo para sorrir. Os brincos de ouro, patrimônio de 20 anos, ressurgem como uma recompensa para quem não aceita se entregar.
Dawn, que morou 23 anos no Brasil, e Gregg são sobreviventes de um dos mais violentos tornados da história dos Estados Unidos. Sobreviveram ilesos porque, há um ano, Dawn comprou uma casa que tem abrigo.
“Eu não queria comprar uma casa sem um abrigo. Porque aqui é a capital do tornado, né?” explica a empresária Dawn Gomes.
Dentro do abrigo subterrâneo, uma caixa de concreto de três metros quadrados, viram e ouviram a força descomunal do tornado.
“Realmente eu fiquei com os meus ouvidos tampados, meus olhos fechados, e só orando a Deus, porque quando você pensa, meu Deus, o que está acontecendo, é uma coisa tão poderosa. A gente ouvia as coisas batendo aqui na porta, caindo em cima”, conta Dawn.
Quando tudo silenciou, Gregg alertou Dawn: “Prepare-se, nada vai estar do mesmo jeito. O que a gente tinha não existe mais”.
A casa, os carros dela, de Gregg, da filha, que em boa hora foi passear no Brasil, tudo destruído. O pouco que ainda estava ali reforçava a tristeza, marcas de uma rotina que acabou de repente. Como o saco de feijão sobre a prateleira destruída. Mas os dois estavam vivos. Isso era a melhor coisa do mundo naquela hora. O tornado matou 24 pessoas.
Uma das vítimas do tornado morava numa casa, que fica a trinta metros da casa da Dawn. Ali, como várias outras residências de Oklahoma, não havia um abrigo de segurança.
Construir um abrigo como o da família de Dawn custa 12 mil reais. Dinheiro que a maioria não tem. 96% das construções de Moore, a região mais afetada pelo tornado, não têm um lugar seguro para as pessoas se protegerem.
A força do que atingiu Oklahoma pode ser vista nesse vídeo amador feito de dentro de um carro. O tornado vai engolindo tudo. Suga objetos como se fosse um gigantesco aspirador de pó.
Ao menos dez tornados com força semelhante passam pelos Estados Unidos todos os anos.
O que arrasou a região de Moore foi previsto 16 minutos antes de tocar no chão. A tragédia fez pressão sobre as autoridades, que querem que a formação de um tornado seja detectada com ao menos uma hora de antecedência.
As autoridades querem também que todas as novas casas que serão construídas aqui tenham um abrigo.
Em nenhum prédio de Moore a falta de segurança foi tão sentida como na Escola Plaza Towers. Lá dentro, professores e alunos fizeram o que puderam para se proteger do tornado. Mas os ventos com mais de 300 quilômetros por hora mataram sete crianças.
Os alunos de Oklahoma passam por treinamentos periódicos. O brasileiro Daniel lembra das primeiras lições que recebeu, 14 anos atrás: sentar debaixo de uma mesa com a cabeça nos joelhos com a mão por cima.
Bianca, a irmã mais nova de Daniel, mostra a posição em que é obrigada a ficar durante as simulações nas salas de aula. Mesmo assim, o pai deles não teve dúvidas quando soube da chegada do tornado. Largou tudo e foi buscar Bianca e Izabela, a outra filha, na escola.
Quando eu cheguei lá, elas estavam de joelho no chão, perto da parede com a mão na cabeça. Eu olhei pra professora e disse. “Eu não vou deixar minhas filhas aqui não. Eu tenho um shelter em casa, um abrigo em casa e vou lavar elas para casa”.
Rodrigo conseguiu levar a família para o abrigo que encomendou de uma empresa. O tornado passou a quinhentos metros deles. A sorte da família brasileira mede quinhentos metros. E dura todo o tempo que eles terão daqui pra frente.
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