Corregedoria da Polícia Civil instaurou procedimento e decidiu pelademissão. Jovem teria sido obrigado a ingerir remédios dos quais era alérgico e morreu.
Policial é demitido após acusação de sequestrar e matar músico em MT
A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso decidiu pela demissão de um investigador acusado de sequestrar, matar e esconder o corpo do músico Thiago Festa Figueiredo, de 27 anos, em Cuiabá, em 2011. Ele foi investigado por um procedimento administrativo disciplinar e já foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por sete crimes, entre eles falsidade ideológica, prevaricação (quando um servidor público usa do cargo para cometer crime), e fraude processual.
Segundo a Polícia Civil, ele já tinha sido afastado do cargo após a suspeita do crime. Consta da denúncia do MPE, que em dezembro de 2011, no pátio do Centro Integrado de Segurança e Cidadania do bairro Planalto, na capital, o policial teria constrangido a vítima e a ameaçado com uma arma de fogo. O investigador também teria levado a vítima até a uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, de propriedade da mãe dele, sem que tivesse autorização da família, nem do próprio músico.
Na madrugada do dia seguinte, os acusados teriam obrigado o rapaz a ingerir grande quantidade de medicamentos de uso restrito e controlado, "sem qualquer autorização para ministrá-los, assumindo o risco de matar a vítima, que havia tentado resistir à ingestão anunciando expressamente ser alérgico a determinadas substâncias", diz trecho da denúncia.
Após a morte do rapaz, o investigador, um colega, que é técnico de informática, e outra pessoa que não foi identificada levaram o corpo do músico até as margens de uma estrada de acesso ao Distrito da Guia, no bairro Bandeira, em Cuiabá. Enquanto policial de plantão, ele supostamente tentou simular que fosse mais uma localização de cadáver e registrou um boletim de ocorrência. "O denunciado apontou como horário de comunicação do pretenso encontro de cadáver 21h, e apresentou como narrativa estória ludibriosa flagrantemente desmentida pelas investigações carreadas ao inquérito policial, inserindo declaração sabidamente falsa", aponta a denúncia
A mãe da vítima, Maria Antônia Festa, disse ao G1 que o filho morava em Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá, e estava de férias quando foi assassinado. "Ele estava indo me visitar em São Paulo, onde morava na época, e quando passou em uma blitz em Cuiabá foi parado porque o amigo estava sem carteira de habilitação", contou. Ela reclama que houve abuso por parte do policial e afirmou que só soube da morte do filho quatro dias depois do crime quando ligou no Instituto Médico Legal (IML). Além de músico, a vítima era técnico em informática e tinha uma loja em Sinop.
Ainda no processo, que tramita na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, consta que a vítima tomou um coquetel que teria sido feito pelo colega do policial, que não tinha habilitação para a manipulação de medicamentos, e, em seguida, os dois obrigaram a vítima a ingerir a mistura. Isso após o músico ter dito que era alérgico aos remédios contidos nesse coquetel. Uma audiência do caso está agendada para o dia 2 de julho. O policial cumpre prisão preventiva.
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