Suspeita e delegados devem falar à CPI do tráfico de pessoas da Câmara.Sequestro ocorrido na última 5ª em Cuiabá serviria ao tráfico de órgãos.
CPI do tráfico de pessoas convoca suspeita de sequestrar bebê em MT
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal que investiga a prática do tráfico de pessoas no Brasil aprovou requerimento convocando Jucione Santos Souza, presa na última sexta-feira (31) em Cuiabá por suspeita de sequestrar um recém-nascido no Bairro Pedra 90, a fim de que deponha em audiência pública, a ser realizada em Cuiabá, a respeito do suposto esquema de tráfico internacional de órgãos confessado à Polícia como motivo do sequestro após a prisão.
A CPI também aprovou requerimento de convocação dos dois delegados à frente das investigações, Gianmarco Paccola, adjunto da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil, e Ivar Polessa, plantonista no dia da prisão da suspeita, no intuito de que a Câmara dos Deputados acompanhe os desdobramentos da investigação local - com potencial de esclarecer pelo menos parte dos esquemas de tráfico de pessoas funcionando no país.
Os requerimentos foram feitos durante reunião ordinária da Comissão na última terça-feira (4) pelo deputado federal Arnaldo Jordy (PPS), do estado do Pará. No entanto, os requerimentos ainda não apontam a data da audiência pública, marcada para realização em Cuiabá, na qual devem ser ouvidos os delegados e Jucione.
Sequestro
Com apenas um mês de vida, o bebê sequestrado por Jucione é filho de uma adolescente de 15 anos. Mãe e filho estavam dentro de um ônibus passando pelo Bairro Pedra 90 na tarde da última quinta-feira (30). Jucione confessou que abordou a adolescente na tentativa de lhe tomar o bebê.
Ela chegou a oferecer dinheiro para que ficasse com o bebê temporariamente, alegando que precisava apresentar um recém-nascido passando-se por seu filho para um homem que chegaria dos Estados Unidos, o qual seria seu marido.
A mãe da criança não chegou a aceitar a proposta, mas entregou a criança nos braços da suspeita quando elas desceram do ônibus a fim de ir a uma loja e comprar uma sombrinha para proteger o bebê da chuva. Depois desse instante, a suspeita fugiu com a criança. Foi localizada no dia seguinte após denúncia de uma ex-vizinha, cuja filha também quase chegou a ser sequestrada por ela.
À polícia, Jucione confessou que a história contada à adolescente era inventada por seu agenciador (figura ainda sob investigação da polícia), de quem receberia uma quantia em dinheiro para arranjar uma criança para ser morta e ter os órgãos doados a uma família estrangeira.
Ela está presa desde então no Presídio Feminino Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, e encontra-se em cela isolada. Logo, deverá ser encaminhada para outro setor isolado, denominado "seguro", devido ao risco de permanência em meio às demais presas (o sistema prisional avalia a existência de ameaças ou potencial de a reeducanda receber ameaças de outras).
Segundo a polícia, Jucione deve responder pelos crimes de sequestro, cárcere privado, falsificação de documentos e tentativa de obter lucro com o envio da criança para o exterior.
A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) ainda não informou a respeito da notificação e do procedimento requerido para que uma presa participe de audiência pública como a que a CPI pretende promover. O delegado Ivar Polessa informou que ainda não foi notificado da convocação da Câmara Federal. Já o delegado Gianmarco Paccola afirmou que deve se pronunciar a respeito do sequestro somente a partir da próxima sexta-feira (7).
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