Sargento denuncia pacientes sendo operados sem anestesia em MT
O sargento aposentado da Polícia Militar (PM) Eudésio está em Barra do Garças onde foi submetido a uma pequena cirurgia para extrair um espinho de tucum do pé após três tentativas de fazer essa pequena intervenção cirúrgica em São Felix do Araguaia, a 1.100 km de Cuiabá. O policial conta que procurou atendimento médico quando começou a sentir febre devido a infecção causada pelo espinho.
Segundo Eudésio, os médicos se negaram a fazer o procedimento porque não tinha anestesia na unidade e o aconselharam a procurar atendimento médico em outra cidade. Porém, o que causou mais surpresa para Eudésio foram as revelações dos médicos de que é comum faltar anestesia e que alguns pacientes já foram operados sem o medicamento.
Um médico relatou ao sargento sobre uma índia karaja que recentemente teria tentado suicídio em São Felix e bateu a cabeça no chão ficando desacordada. Durante o período que ela estava sem consciência os os médicos teriam feito a costura do ferimento sem anestesia. “Eles me relataram também sobre um parto que foi realizado também sem anestesia”, conta o sargento.
Eudésio disse que decidiu denunciar o fato porque muitas pessoas e cidades menores do Norte Araguaia dependem do atendimento da saúde de São Felix. “Eu tenho condições de sair e procurar atendimento porque sou aposentado e as outras que não têm não podem ficar numa situação desta”, ressaltou.
Secretário nega
O secretário de Administração de São Felix, Emival Milhomem, disse que a conversa não é bem assim e admitiu a falta de anestesista porque alguns profissionais desta área não querem trabalhar no interior do país. Sobre a possibilidade de alguns pacientes estarem sendo operados sem anestesia, o secretário riu. “Então esse policial está dizendo que a gente voltou ao tempo da Idade da Pedra operando as pessoas na base do porrete. Então vamos contratar um funcionário que trabalha com marreta na Friboi para fazer esse trabalho”, ironizou.
Ao perceber que se excedeu na brincadeira, o secretário desconversou sobre assunto e pediu que a reportagem conversasse com a secretária de saúde de São Felix, Gildene, que está em Cuiabá, e forneceu dois números de celular da secretária e um terceiro da assessora dela, porém nenhum dos números atendeu.
O militar informou que após fazer ser entrevistado recebeu uma ligação do secretário Emival perguntando por que ele fez a denúncia. Eudésio confirmou que não se arrepende de ter falado sobre o problema e espera que as autoridades e o Ministério Público apurem se realmente está faltando anestesia ou anestesista em São Felix.
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