Ela deveria assumir posto na Copa das Confederações no Mineirão. Com crise na consciência, escreveu carta se desligando do evento.
Copa: voluntária vira ativista
A relações-públicas Clara Braga em seu perfil do
Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)
"Lamento informar que desisti de participar como voluntária e resolvi me juntar ao protesto.” Com essa mensagem, a relações-públicas e professora universitária mineira Clara Braga, de 33 anos, avisou nesta segunda-feira (17) ao seu coordenador que estava se desligando do Programa de Voluntários da Copa das Confederações da Fifa.
Clara participou de treinamentos em três fins de semana de maio e iria começar seu trabalho nesta segunda-feira (17), no jogo de Taiti contra Nigéria no Mineirão, que começou às 16h. Sua função seria ajudar a organizar as filas para entrada no estádio.
Mas decidiu trocar o kit com camiseta, boné, mochila e megafone do evento esportivo pelas roupas brancas usadas pelos manifestantes. Em vez de assumir seu posto, saiu às ruas para se unir aos protestos.
“Quando vi toda aquela mobilização popular, fiquei em conflito, pensando: Gente, o que estou fazendo? Não me sentiria bem trabalhando naquela posição [como voluntária]. Eu me sentiria enojada”, disse ao G1.
Clara enviou sua mensagem de desistência com cópia para os demais voluntários de seu grupo. Até as 16h desta tarde, não havia recebido resposta. “Acho que estão todos trabalhando. Ou então estão sem coragem de se manifestar”, afirma.
Clara Braga com toalha branca na janela, um
dos símbolos do protesto (Foto: Arquivo pessoal)
Ela também achou que valeria a pena a mudança por questões profissionais. Como estuda mobilização social e voluntariado em seu mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de dar aula sobre o tema na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), sua ideia ao se inscrever como voluntária na Copa das Confederações era entrevistar colegas e conferir de perto como funciona a organização de um evento grande como esse.
Mas agora acredita que a incursão nas ruas vai ensinar mais. "Na aula eu falo sempre que a mobilização pela internet tem um limite. Uma hora é preciso ir para outras instâncias. Percebi que a mobilização que eu tenho que ver é a da população."
Liminar impede manifestações
Uma liminar impetrada pelo estado de Minas Gerais na semana passada restringe protestos em todo o estado. Segundo a decisão, não será permitido que manifestações impeçam o trânsito e atrapalhem as pessoas de transitar e de chegarem a eventos relacionados à Copa das Confederações. A liminar ainda cita, especificamente, protestos do Sindicato do Servidores da Polícia Civil (Sindpol) e do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).
A decisão do desembargador proíbe que os sindicatos bloqueiem vias de acesso ao Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, em Belo Horizonte, assim como todo o entorno do local, ou em outros espaços públicos em qualquer cidade mineira.
De acordo com a Justiça, em caso de descumprimento da ordem judicial, as duas entidades de trabalhadores serão penalizadas com multa diária de R$ 500 mil.
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