Trabalhador saca dinheiro esquecido há 18 anos
A Justiça do Trabalho liberou uma autorização para que Divino Nicanor dos Santos possa sacar um dinheiro depositado em conta judicial há mais de 18 anos. Em julho de 1995, Divino ingressou com ação contra o supermercado Comprão, local em que trabalhava e, durante audiência, foi determinado que o estabelecimento pagasse ao trabalhador R$ 1,5 mil, sendo R$ 1 mil a vista e os outros R$ 500 em 30 dias. O dinheiro foi depositado então em uma conta judicial, mas Divino nunca apareceu para sacá-lo.
A Justiça começou então uma busca pelo trabalhador, com o envio de notificações tanto para o advogado quanto para o trabalhador se apresentarem à justiça trabalhista. Dois anos depois, ainda sem respostas, novas tentativas foram tomadas pela então juíza titular da 5ª Junta de Conciliação de Cuiabá, Carla Reita Faria Leal. A magistrada determinava a intimação do trabalhador e do advogado lembrando-os dos valores depositados em conta judicial. Mas ambas foram devolvidas pelos Correios sob a alegação de que os destinatários não residiam nos endereços das correspondências.
Em seguida, a então juíza substituta Marta Alice Velho (atualmente titular da Vara do Trabalho de Sorriso) determinou que um oficial de justiça se deslocasse até os endereços constantes no processo e procurasse o paradeiro do trabalhador. Mas o resultado foi infrutífero, como deixou registrado o oficial: "após incessantes buscas (...) não encontrei a quadra 23 nem a casa 1.138. Também não encontrei alguém que conhecesse Divino Nicanor dos Santos".
Sem se dar por vencida, a mesma magistrada reiterou, ainda em 1997, a determinação de se intimar o trabalhador e seu advogado, desta vez com endereços encontrados no sistema de cadastramento do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso. A resposta voltou negativa mais uma vez. Só então o processo foi enviado para o arquivo provisório do Tribunal, de onde era retirado periodicamente para novas tentativas de se encontrar os destinatários do dinheiro, que permanecia à espera de ser sacado.
O rumo dessa história começou a mudar em maio deste ano, quando mais uma vez o processo foi desarquivado para novas buscas. Graças ao cruzamento de dados de sistemas informatizados, disponibilizados recentemente à Justiça do Trabalho, a 5ª Vara do Trabalho de Cuiabá obteve o CPF do trabalhador. Com esse dado, fez-se então pesquisas nos sistemas informatizados do Departamento Nacional de Trânsito, onde foram obtidos os contatos do trabalhador.
Contactado pelo diretor de Secretaria da 5ª Vara de Cuiabá, José Eugênio Borba, o ex-repositor de mercadorias foi surpreendido ao saber que o dinheiro estava à sua disposição durante todo esse tempo e dos esforços empreendidos nesse período à sua procura. "Que bom que estava aqui, bem guardado", concluiu o trabalhador que recebeu o valor, com juros e correções.
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