Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Cidades
Quinta - 20 de Junho de 2013 às 10:57

    Imprimir


Chico Ferreira

Apesar de a grande maioria dos participantes do protesto que parou a região central de Cuiabá na tarde desta quarta-feira (19) pedindo melhorias no transporte coletivo e cumprimento integral da lei do passe livre, ter sido estudantes do ensino médio e universitários que se articularam por meio do Facebook, também houve a participação de pais, mães, líderes comunitários, trabalhadores que saíam do serviço e decidiram abraçar a causa integrando a manifestação e até advogados que deram suas contribuições ao evento. O resultado foi um manifesto pacífico sem qualquer incidente ou intervenção da Polícia Militar que acompanhou e monitorou a passeata durante todo o tempo.

Exemplo disso é o advogado Gastão de Matos Júnior que seguia à frente do manifesto junto com os organizadores fazendo o acompanhamento jurídico durante o trajeto para que o protesto fosse realizado sem violência ou atos de vandalismo. Ele falou sobre os preparativos e medidas que foram adotadas antes de a manifestação ganhar as ruas. “Oficiamos a Polícia Militar e explicamos que o intuito é um evento pacífico. Também conversamos sobre o novo ato marcado para esta quinta-feira (20) que será bem maior”.

Chico Ferreira

O jurista ressaltou que a luta é pacífica, é de todos. “Queremos mais segurança, mais qualidade nos serviços públicos de forma geral, na saúde, na educação, no setor dos transportes coletivos. Hoje o poder público é muito arcaico, com serviços que não funcionam e mesmo assim somos obrigados a pagar caro. E isso passar por melhores salários para todos. A luta é nacional, começou com 20 centavos, mas a pauta ampliou e agora cobramos também por mudanças que tragam qualidade de vida e mais respeito a todos nós cidadãos”, enfatizou Gastão Júnior.

Outro advogado que também participou da manifestação, Mairlon Queiroz, foi “municiado com uma apostila contendo todas as planilhas de custos repletas de irregularidades usadas pelas empresas de ônibus para aumentar a passagem de ônibus de R$ 2,70 no início do ano para R$ 2,95. Ele lembrou que são encargos sociais como café da manhã, cestas básicas, e até uniformes dos funcionários que caberiam apenas às empresas custear não podendo repassá-los aos usuários na hora de fazer o calculo dos gastos. “Nos cálculos das empresas foram levados em conta até os salários dos cobradores que sabemos que não existem mais dentro dos ônibus”, disse ele.

Queiroz ressaltou que os gastos alegados pelas empresas como sendo salários dos cobradores causa um impacto de quase R$ 600 mil por mês e foi usado para onerar o bilhete do transporte público em Cuiabá. “Queremos a volta dos cobradores, acessibilidade nos ônibus para idosos e deficientes. Também exigimos melhorias na frota, que seja aceito dinheiro para pagar e não apenas cartão transporte e também queremos a volta ao preço antigo de R$ 2,70”, pontuou o advogado.

Entre os milhares de estudantes, em sua grande maioria uniformizados, com mochilas nas costas, cartazes e faixas nas mãos e a apitos na boca, também estava a dona de casa Helena Nascimento, 43, que acompanhava a filha Isadora Nascimento, 12, no meio da multidão. Ela disse que mais do que acompanhar a filha, decidiu participar do protesto para dar sua contribuição. Sobre a pauta do transporte público ela disse que o preço da passagem é caro, mas os ônibus não oferecem qualidade e nem um mínimo de conforto possível, pois os usuários estão sempre espremidos iguais “sardinha enlatada”.

Chico Ferreira

Mas ela ressaltou que sua insatisfação vai bem além dos problemas do transporte público e do passe livre. “Estou aqui também para lutar e pedir um basta na corrupção que assola nosso Estado, nosso país. É muito dinheiro público usado indevidamente por quem está no poder. Se não fizermos algum barulho nunca seremos ouvidos”, opinou ela que considera importante que outros pais também participassem das manifestações ao lado dos filhos.

Quando a passeata ganhou a Avenida Isaac Póvoas, a universitária Viviane Gomes, 29, uma das organizadoras que estavam à frente da manifestação falando ao microfone, comemorou o sucesso do evento e convidou os comerciantes que saiam de seus estabelecimentos iam para as calçadas para observar. “Estamos ganhando tomando o coração da cidade e convidamos os comerciantes a virem pra luta junto com a gente, é pois essa luta é de todos, da sociedade e não só dos estudantes”, reforçou ela.

A organização do manifesto também pôde ser constatada através dos discursos e palavras de ordem que eram pronunciadas ao microfone e repetidas pela multidão. Trecho de um dos vários discursos que ganhavam força na voz coletiva dos cerca de 4 mil participantes dizia o seguinte: Por fim, iremos gritar a todos os políticos que não está certo o que eles fazem com o nosso dinheiro, com a nossa saúde e com a nossa educação”. Ao final, foi reforçado o convite para todos participarem do 2º ato contra a corrupção e violência marcado para às 17 horas desta quinta-feira, na Praça Alencastro.





Fonte: A Gazeta

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/14080/visualizar/