Grávida deu à luz em hospital e funcionários suspeitaram do caso. Empresária bancou custos de gravidez e compraria os gêmeos.
Polícia Civil investiga venda de casal de gêmeos recém-nascidos em MT
Um caso de suspeita de venda de um casal de gêmeos é investigado pela Polícia Civil de Tangará da Serra, município a 242 quilômetros de Cuiabá. De acordo com informações da polícia, uma empresária da cidade estaria pagando as despesas do parto de uma mulher grávida e pretendia comprar o menino e a menina que nasceram. O caso foi descoberto no domingo (23).
Ao G1, o Conselho Tutelar de Tangará da Serra informou que os bebês, sendo uma menina com síndrome de Down, foram encaminhados para um abrigo da cidade. A Justiça deve definir se as crianças continuam na unidade ou serão encaminhadas para outros familiares.
A grávida foi internada durante o final de semana em um hospital particular de Tangará da Serra. Os funcionários do local desconfiaram da situação, já que a mulher seria de uma família de baixa renda e não teria condições de fazer o parto e uma cirurgia na unidade de saúde.
“Fomos acionados pelo Conselho Tutelar, sobre um caso de duas mulheres em um hospital particular. Uma senhora tinha dado à luz um casal de gêmeos, era humilde e não tinha condições de pagar a cesária, além de ter feito uma laqueadura. Ela não recebia parentes, apenas uma outra mulher que estava bancando as despesas”, disse ao G1 o delegado que fez o flagrante, João Romano.
O caso levantou suspeita da polícia e do Conselho Tutelar, que foi verificar a situação. A mulher fez o pagamento das despesas em R$ 6 mil e foi presa em flagrante. Para a polícia, a mãe confessou que estava sendo ajudada pela empresária durante todo o período de gestação e que iria doar as crianças para ela.
“A mãe já tinha outros cinco filhos e não tinha marido. Por um lado a mãe não tinha condições financeiras e queria dar os filhos. Por outro lado a empresária, que não podia ter filhos, estava inscrita no processo de adoção. Mas ela optou por "pular" esse processo e teve uma atitude ilegal de comprar as crianças”, completou Romano.
Além de estar cobrindo as despesas durante toda a gestação, a empresária ainda ajudaria financeiramente a mulher por dois meses, além de fazer um pagamento pelo casal de gêmeos. No entanto, esse valor ainda não teria sido combinados pelas duas. “O crime se enquadra no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), onde as duas prometeram entregar as crianças mediante pagamento de recompensa. Essa recompensa pode ter sido de qualquer forma, tanto de favores ou de dinheiro”, disse o delegado.
Em depoimento, a mãe relatou que tinha combinado de doar as crianças para a empresária. Já a empresária negou qualquer tipo de acordo em relação aos bebês. Porém, a polícia descobriu documentos relacionados às crianças dentro do carro da empresária. O delegado arbitrou fiança de R$ 10 mil tanto para a mãe quanto para a empresária, que devem responder pelo crime em liberdade. Por não ter condições de fazer o pagamento da fiança, a mãe ganhou liberdade provisória após decisão da Justiça. A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito policial.
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