Acidente aconteceu na Região da Pampulha, perto do Mineirão. Esta foi a primeira morte registrada em manifestações na capital mineira
Morre jovem que caiu de viaduto em ato em BH
Morreu no início da madrugada desta quinta-feira (27) no Hospital Pronto-Socorro João XXIII o jovem Douglas Henrique de Oliveira de 21 anos que caiu do Viaduto José Alencar durante a manifestação em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (26), de acordo com a assessoria do Governo de Minas Gerais. O acidente aconteceu perto do Mineirão, na Região da Pampulha, durante o confronto entre a polícia e um grupo de manifestantes. Esta foi a primeira morte nas manifestações na capital mineira.
Mais de 50 mil pessoas fizeram uma manifestação pacífica em Belo Horizonte durante a tarde desta quarta-feira. Mas o protesto terminou com depredação, saques e mesmo incêndio de lojas. As ações foram cometidas por um grupo radical. Até às 21h, a Polícia Militar confirmou 25 detidos suspeitos de vandalismo e outros crimes. Os arruaceiros atiravam pedras e explosivos caseiros contra os militares. O confronto começou na Avenida Abrahão Caram, na Região da Pampulha, no entorno do Mineirão, onde Brasil e Uruguai disputavam a semifinal da Copa das Confederações.
A manifestação se concentrou no início da tarde na Praça Sete, no Centro da capital, com muitas pessoas levando cartazes e faixas com pedidos de melhorias. No trajeto, a recomendação era a de respeitar o bloqueio da PM e não tentar chegar ao estádio.
Durante a tarde, quando a marcha se aproximou da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vândalos com os rostos cobertos subiram em direção à Av. Abrahão Caram, onde estava localizada uma das linhas de bloqueio da PM.
Parte dos manifestantes fez uma corrente para impedir a chegada à barreira e manter a tranquilidade no protesto, dando recomendações, porém, sem resultado. Os arruaceiros atiraram pedras contra os policiais e devolveram contra os militares as bombas de gás lacrimogêneo lançadas. A PM permaneceu atrás do bloqueio até o início da noite. Eles também carregaram grades retiradas de um dos acessos ao Mineirão.
Neste momento, lojas e concessionárias passaram a ser saqueadas e depredadas. Os vândalos retiraram equipamentos e móveis de uma das revendedoras de veículos para atear fogo. Logo, o incêndio tomou grandes proporções. O fogo acontecia ao lado de um posto de gasolina. Policiais não eram vistos nos locais de maior depredação.
Um grupo quebrou a loja da Kia Motors e invadiu o local. Eles retiraram os tapumes e quebraram vidros. A loja da Hyundai também ficou destruída. A Volkswagen e a Pampulha Car Shopping também foram alvos dos radicais. Funcionários da Kia chegaram a colocar uma faixa antes do protesto dizendo apoiar o movimento, mas "sem violência".
Durante a manifestação, ao menos 18 pessoas ficaram feridas, segundo balanço preliminar. Sete foram levadas para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, nenhum deles em estado grave. Eles tiveram escoriações, dor de cabeça e possíveis fraturas. Um jovem de 24 anos teve o olho esquerdo ferido por um objeto não identificado. Outras três pessoas foram encaminhadas ao Hospital Pronto-Socorro João XXIII, entre eles o jovem morto. Outro homem também caiu do viaduto. Em outros protestos também houve quedas.
Outros dois foram para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da região. Seis receberam os primeiros socorros e liberados em seguida
No início da noite, por volta das 18h, policiais começaram a ocupar a Avenida Antônio Carlos e as vias no entorno. Muitos carros da corporação, incluindo veículos blindados, transitavam pela cidade. O Regimento da Cavalaria também estava presente. Durante o dia, 1,5 mil oficiais do Exército estiveram a postos na capital mineira para agir em caso de extrema necessidade.
Em nota, a PM explicou a ausência de policiais em alguns momentos de vandalismo. "A Polícia Militar de Minas Gerais teve dificuldades de atuar de forma ostensiva para conter os vândalos que faziam depredações na Avenida Antônio Carlos, no final da tarde e no início da noite dessa quarta feira, porque havia ali uma grande movimentação de manifestantes pacíficos que não estavam envolvidos nas ações de vandalismo no local. Qualquer ação mais brusca da Polícia Militar naquele momento poderia causar pânico nessas pessoas. Além disso, o viaduto que fica na esquina entre as avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram estava repleto de pessoas, sendo um local muito sensível à ação de repressão da polícia. Os policiais militares não insistiram em forçar a passagem por este ponto para evitar uma provável catástrofe”, explicou o comandante-geral da PM, Márcio Sant’Ana.
Ao todo, 5,5 mil policiais foram destacados para a operação de contenção na capital mineira, incluindo 166 homens da Força Nacional de Segurança.
O Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac) afirmou que atos de vandalismo não justificam "ação de repressão que coloca a vida das pessoas em risco", o que, segundo os organizadores, ocorreu por parte da PM. "Repudiamos também a violência com que a polícia reprimiu a manifestação, uma vez que tinha plena condição de resistir às provocações de poucos manifestantes para não violar todos aqueles que saíram às ruas para lutar pelos seus direitos", explicou o Copac.
Rodovias fechadas
Após manhã de protestos, houve interdições no trânsito nas rodovias federais da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Manifestantes desbloquearam a BR-262, na altura de Juatuba, no início da tarde desta quarta-feira (26). A rodovia ficou fechada nos dois sentidos por mais de cinco horas antes da liberação. Durante o protesto, o policiamento informou que houve bloqueio nos kms 361, 367 e 369. Em um deles, foi reivindicada a construção de uma passarela.
Já na BR-381, que liga Belo Horizonte a Vitória, o km 442, em Sabará, foi liberado por volta das 12h55. Os manifestantes se concentraram no trecho – na altura do distrito de Ravena – desde a madrugada. Pela manhã, também houve bloqueios no km 451, no mesmo município, e no km 503, em São Joaquim de Bicas.
Outra rodovia que ficou fechada foi a MGC-262, também em Sabará. Manifestantes reivindicaram a pavimentação de ruas. O protesto durou mais de sete horas.
Também houve protesto na MG-424, em São José da Lapa, na Grande BH. Já em Vespasiano, o bloqueio ocorreu no km 19. À tarde, trechos já estavam liberados.
As interdições na MG-20, entre Santa Luzia e Jaboticatubas, na Grande BH, fechada nos dois sentidos durante a manhã, e em pontos da BR-381 foram finalizadas. Um dos trechos fica em Carmópolis de Minas, na Região Oeste.
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