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Nacional
Sábado - 06 de Julho de 2013 às 13:19

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Daniel Santana Rocha tem 16 anos e cursa mestrado em matemática pura no Impa (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)

Daniel Santana Rocha tem 16 anos e cursa mestrado em matemática pura no Impa (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)

Quando tinha 11 anos, Daniel Santana Rocha foi acompanhar o pai em um curso de matemática para professores e surpreendeu a sala de aula ao resolver um exercício que parecia indecifrável por todos. Foi para lousa e mostrou a resolução para orgulho do pai, que também não tinha conseguido chegar na resposta do problema. Hoje aos 16, a presença de Daniel no curso de mestrado em matemática pura no Instituto Nacional de Matemática Pura Aplicada (Impa), instituição que reúne a excelência em matemática do país no Rio de Janeiro, não causa mais espanto.

De manhã, Daniel vai para o mestrado. À noite segue para a escola estadual Engenheiro Bernardo Sayão, em Jacarepaguá, onde cursa o segundo ano do ensino médio. Como ainda não é graduado, não vai conseguir pegar o diploma da pós quando o curso terminar no fim deste ano. Situação que pretende resolver assim que concluir a educação básica, quando pretende conciliar a graduação e o doutorado. Também já tem planos para o pós-doutorado: “penso em fazer na França. Quero trabalhar como pesquisador.”

O gosto pela matemática Daniel pegou do pai, o professor Fernando Batista da Rocha, de 51 anos. Inclusive é ele quem dá aulas para Daniel no ensino médio. Fernando garante que o garoto não tem uma rotina sobrecarregada. “Estudar não é carregar peso, o mestrado é prazer para ele. Ele ama estudar, nunca gostou de futebol, por exemplo. O meio dele é o acadêmico, e vida se tornou mais prazerosa e mais feliz depois do Impa. Ele tem facilidade em pesquisa, por isso o estudo é natural.”

Meu pai sempre me ensinou mais matemática do que o colégio. Aos 12, já sabia toda a matéria do ensino médio, mas não sou gênio, todo mundo pode aprender"
Daniel Santana Rocha, de 16 anos,
aluno de mestrado do Impa

Celeiro de talentos matemáticos
Depois do episódio em que resolveu o exercício durante o curso no Impa, Daniel foi convidado a frequentar algumas aulas como se fossem cursos livres e participar de olimpíadas de matemática. Estudou análise de retas, álgebra e equações informalmente, e em março deste ano se tornou aluno oficial do mestrado. Como já havia cursado algumas disciplinas, conseguiu reduzir a grade e termina o curso ainda neste ano, aos 16 anos.

Segundo o pai de Daniel, os docentes do Impa não veem mais o filho como criança. “Eles já esqueceram isso, já se habituaram.” Daniel não foi o único aluno a entrar no Impa sem ao menos ter completado do ensino médio. Quem puxou a fila foi o professor Carlos Gustavo Tamm de Araujo Moreira, o Gugu, que fez doutorado e leciona na instituição, mas ingressou em março de 1988 quando tinha 15 anos. Aos 17 já tinha concluído a graduação e o mestrado.

Fundado em 1952, o Impa reúne 260 alunos de mestrado, doutorado e iniciação científica. Quatro pesquisadores do instituto foram convidados para palestrar no próximo Congresso Internacional de Matemática, na Coreia do Sul em 2014, o mais importante da área. Também pode ser de lá o primeiro brasileiro a receber a Medalha Fields, espécie de Nobel da matemática restrito a talentos com menos de 40 anos. Dois pesquisadores do Impa figuram como possíveis candidatos, Fernando Codá Marques e Artur Ávila, de 33 anos.

“Demoraram para me aceitar porque tinham medo de o mestrado atrapalhar minhas aulas [no ensino médio], mas eu não preciso estudar exatas e não custa muito tempo estudar no ensino regular, não é difícil”, diz Daniel, em entrevista ao G1, durante treinamento que ele participou em São Paulo. O adolescente conta que convive bem com os amigos mais velhos e não tem dificuldade de acompanhar as matérias.


Daniel Santana Rocha tem 16 anos e cursa mestrado em matemática pura no Impa (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)

Daniel Santana Rocha fez treinamento em SP
(Foto: Vanessa Fajardo/ G1)

"Matemática divertida"
Daniel também disputa olimpíadas desde o ensino fundamental. Por muito pouco não passou na seletiva para compor a equipe que vai disputar a internacional na Colômbia. No histórico acumula pelo menos 20 medalhas em competições nacional e internacionais.

Para dar conta de tudo, estuda até dez horas por dia, tem as melhores notas em matemática, física e química na escola, mas mantém o bom desempenho em ciências humanas. No Impa, nunca tirou menos do que ‘B’, porém a cobrança é sempre pelo ‘A’, segundo ele. Diz que considera a matemática “muito divertida”, que “quanto mais difícil mais legal”, e por isso não se cansa. Estuda aos fins de semana, mas às vezes para se distrair gosta de caminhar e ir até o shopping.

“Meu pai sempre me ensinou mais matemática do que o colégio. Aos 12, já sabia toda a matéria do ensino médio, mas não sou gênio, todo mundo pode aprender. Acontece que o jeito que ensinam no ensino médio você não aprende o que é de verdade”, afirma.

Fernando conta que o filho estuda mais do que ele, que ainda não conseguiu fazer um mestrado. “Quando tenho dúvidas em matemática, ligo para ele. Outros professores também fazem isso. Ele é bom para ensinar. Eu também dou aulas particulares, nunca levo o Daniel junto porque se eu faço isso, perco o aluno.”





Fonte: Do G1

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