Pronto-atendimento só receberá casos de urgência e emergência. Restrição na rede particular será aplicada a partir das 7h dessa quarta (10).
Hospitais privados de MT decidem restringir atendimento devido a greve
O Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde (Sindessmat), que agrega os proprietários dos hospitais privados de Mato Grosso, emitiu nota no início da tarde desta terça-feira (9) anunciando que a rede particular de saúde restringirá os serviços nos setores de pronto-atendimento das unidades a casos de urgência e emergência a partir das 7h de quarta-feira. A decisão foi tomada por força da atual greve na enfermagem, que seria responsável por comprometer a capacidade de atendimento dos hospitais. Já o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen) qualifica a medida como um “sensacionalismo” da parte dos hospitais privados na tentativa de colocar a sociedade contra o movimento dos trabalhadores.
Na nota enviada à imprensa, o Sindessmat argumenta que a greve dos enfermeiros e técnicos de enfermagem, deflagrada no último dia 1° de julho, deixou insuficientes os quadros de profissionais nos hospitais privados e filantrópicos; o sindicato patronal também reclama que os trabalhadores conseguiram na Justiça decisão que os permitiu manter apenas 30% do efetivo em atuação em centros cirúrgicos, enfermarias, apartamentos e prontos-atendimentos e apenas 50% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Em cumprimento, a medida judicial estaria impedindo a prestação de "um atendimento adequado e seguro para a população".
"O Sindessmat lamenta a decisão, mas acredita que enquanto o índice dos profissionais trabalhando for mantido nesse patamar de 30% o caos continuará instalado e os hospitais sem condições de atender adequadamente à população. O Sindicato reafirma sua posição de estar aberto às negociações e de respeito ao direito de greve do trabalhador, mas tem o dever e a responsabilidade de preservar o direito à vida, que se sobrepõe a qualquer outro", finaliza a nota.
A restrição dos serviços de pronto-atendimento não é o primeiro reflexo da greve dos profissionais de enfermagem da rede particular, que reivindicam reajustes no piso salarial (de R$ 1.627 para R$ 2 mil para enfermeiros e de R$ 827 para R$ 1 mil para técnicos de enfermagem).
Nesta segunda-feira (8), o Sindessmat previu o “caos” na rede privada de saúde caso os profissionais em greve mantenham o mesmo percentual de efetivo em atuação. Em coletiva de imprensa, o presidente José Ricardo de Mello informou que cirurgias chegaram a ser canceladas em Cuiabá por conta do baixo efetivo.
Trabalhadores
Para o presidente do Sinpen, Dejamir Soares, os hospitais privados estão na realidade empreendendo um "show midiático" com intuito de desqualificar o movimento dos trabalhadores da enfermagem.
"Estão tentando responsabilizar o movimento, mas quem tem o poder de decisão são eles mesmos. Estamos tranquilos, estamos cumprindo a determinação da Justiça. Eles é que estão querendo colocar a sociedade contra o movimento, depois que perderam uma ampla oportunidade na última sexta-feira de acabar com a greve", criticou o sindicalista, referindo-se à reunião marcada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para negociar o fim da paralisação e à qual nenhum representante do Sindessmat compareceu.
Sobre o efetivo de trabalhadores, o presidente ainda contra-atacou a nota emitida nesta terça-feira, declarando que há anos - e antes da greve - os hospitais da rede particular têm sido administrados com escalas desfalcadas e com trabalhadores contratados a salários baixos que não têm atraído mais qualquer outro profissional. Deflagrada a greve, "agora os hospitais estão chiando", apontou.
"Já falamos que R$ 50,00 não é aumento de salário. Nós não vamos ceder. Não somos uma subprofissão", enfatizou.
Comentários