Empresários afirmam que enfermeiros estão em greve e não cumprem com a determinação da Justiça do Trabalho
Hospitais ameaçam parar
Hospitais particulares da Grande Cuiabá não descartam a possibilidade de fechar os prontos-atendimentos (PAs) e bloquear novas internações de pacientes, o que afetaria clientes particulares, de planos de saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS). A medida, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindessmat), será necessária porque os enfermeiros, que estão em greve desde o dia 1º de julho, não cumprem a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
A Justiça estabeleceu que a categoria deveria manter 30% dos funcionários nos PAs e 50% nas Unidades de Terapia Intensiva(UTI).
Presidente do Sindessmat, José Ricardo Mello afirma que algumas cirurgias eletivas já estão sendo suspensas. "É uma situação que tem gerado preocupação. Mas só podemos operar pacientes se tivermos o mínimo de segurança no atendimento. O direito à vida é sagrado", disse.
Apenas casos de urgência e emergência estão sendo atendidos.
Em alguns hospitais, segundo o Sindessmat, o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen) tem mantido em alguns setores apenas um ou dois técnicos para atender uma média de 250 pacientes por dia. Por conta do descumprimento, a direção de algumas unidades hospitalares na Capital e em Rondonópolis registrou boletim de ocorrência (BO) na polícia.
Em um dos boletins, a gerente de enfermagem de um dos hospitais relata que em função da greve o número de servidores não é suficiente para atender os pacientes, gerando uma série de intercorrências. Ela diz que falta atendimento correto, há risco à saúde e à vida dos pacientes, bem como à segurança da equipe multidisciplinar. "Não compareceu no plantão noturno do dia cinco de julho nenhum técnico de enfermagem no setor de pronto-atendimento", frisa no BO.
Em outro boletim, a direção diz que a maioria dos enfermeiros não compareceu, sendo que a UTI adulto contava com apenas 40% do quadro de profissionais e a UTI neonatal com 31%. Além disso, grevistas entravam na unidade incitando os funcionários que estavam trabalhando a aderir ao movimento grevista.
Mello argumenta que o próprio percentual estabelecido pelo TRT não é suficiente para dar um atendimento adequado à população. Segundo ele, no caso de UTIs, seria necessário manter ao menos 70% e, nos PAs, ao menos 50%. "Em qualquer hospital com 100% de ocupação e com uma redução de 70% de profissionais, se gera um caos", observou.
Para o sindicatos dos enfermeiros, o caos nos hospitais particulares acontece porque os empresários já trabalham com equipes reduzidas.
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