Amigos de Bilica serão ouvidos de novo, agora como investigados. Advogado do jogador quer acareação e indica contradições em depoimento.
Adolescente diz que também foi estuprada por jogador no Recife

Maria Rodrigues explica que a adolescente voltou à Delegacia da Mulher na quinta-feira (11) e contou que teria recebido beijos e carícias forçadas dos quatro homens que estavam dentro do carro e “que não tinha revelado estes detalhes antes porque a mãe já estava com problemas demais”. Dois dos amigos de Bilica, agora investigados, já tinham sido ouvidos pela delegada sobre a suspeita de estupro da mulher, e o terceiro seria ouvido nesta sexta-feira. Com as novas informações, ela decidiu ouvir os três novamente esta noite, a partir das 18h, para esclarecer o caso.

O advogado do jogador, Luiz Fernando Ceriani, declarou que ainda não tomou conhecimento dos novos rumos da investigação, mas disse que “sabia que havia muitas contradições no depoimento da suposta vítima” e chegou a sugerir a realização de uma acareação. “Dei essa sugestão à delegada e estou esperando que ela tome uma decisão sobre isso”, disse.

A adolescente já passou por exames e os resultados devem, junto com os da mãe, chegar às mãos da delegada na próxima semana. Maria Rodrigues também solicitou que o veículo onde tudo aconteceu seja disponibilizado para que seja feita uma perícia. “Não quero pedir mandado para isso, estou vendo se o advogado atende ao pedido de forma voluntária”, explica. Todos estes exames vão contribuir nas investigações.

Além disso, dois dos três vídeos dos circuitos de segurança dos locais por onde o grupo teria passado na noite do suposto estupro devem chegar às mãos da delegada na noite desta sexta-feira, quando ela volta ao plantão na Delegacia da Mulher. Um agente da polícia viajou a Recife para pegar as imagens do Aeroporto Internacional da cidade, onde o estupro teria acontecido.

Também foram solicitadas imagens de um supermercado, que foram entregues nesta sexta-feira, e de um posto de gasolina, que ainda não foram fornecidas. Os dois estabelecimentos são de Cabedelo, Região Metropolitana de João Pessoa, onde as duas supostas vítimas teriam pegado carona com os quatros homens.

A delegada também vai convocar um familiar de Bilica para ser ouvido, já que o jogador está na Turquia a trabalho. “A princípio, vou fazer a qualificação indireta através da própria família. Mas se ele quer contribuir com as investigações, certamente vai se apresentar para esclarecer esta história. Estou conversando com o advogado dele para saber sobre essa possibilidade”, prevê.

Entenda o caso
Toda a confusão aconteceu no fim da noite de sexta-feira (5) e início de madrugada de sábado (6). Segundo a jovem, o jogador teria estuprado a vítima no estacionamento do Aeroporto Internacional do Recife, mas a defesa fala em “relação consentida”. Em comum nas duas versões, apenas o fato de que Bilica estava num carro com mais três amigos, ainda em João Pessoa, onde a vítima entrou junto com sua filha. O jogador estava indo a Recife para pegar o voo para a Turquia, onde se reapresentaria ao seu time. Mas a partir daí as versões são contraditórias.

A versão contada pela suposta vítima dá conta de que ela teria sido levada para o Aeroporto enganada. Segundo a delegada Maria Rodrigues, a vítima disse em seu depoimento que saiu de casa com o objetivo de deixar sua filha de 15 anos num barzinho próximo, onde a garota se encontraria com o namorado. No caminho, as duas teriam sido abordadas pelo jogador, que lhes ofereceu uma carona, que a jovem teria negado a princípio, só aceitando depois da insistência do jogador.

“A vítima contou que só bem depois é que percebeu que o carro estava na estrada para Recife, que fica a 120 quilômetros de João Pessoa. Quando ela percebeu isto, ele não quis mais voltar”, relatou a delegada. Ao chegar ao local, Fábio Bilica e seus amigos teriam “conversado em códigos” para que os três tirassem a adolescente do carro e deixassem apenas os dois no veículo. Neste momento, segundo o testemunho da jovem, teria acontecido o estupro.

Por outro lado, o advogado o jogador defende que o sexo foi consentido, que a jovem seguiu com o grupo de forma totalmente espontânea e que, por isso, não houve estupro. Luiz Fernando defende que o jogador está sendo vítima de uma “tentativa de golpe”. A versão apresentada pelo advogado dá conta de que, em um posto de gasolina próximo à casa dos dois, "eles voltaram a conversar e ela aceitou entrar no carro por vontade própria", declarando também que "ela já sabia desde o início que o grupo estava indo para Recife deixar o jogador no aeroporto".

O testemunho dos amigos também dá conta de que, depois do momento em que ficaram a sós, o jogador e a jovem teriam se juntado ao grupo em um quisosque do próprio aeroporto, onde teria bebido e conversado "amigavelmente". Um amigo do jogador contou que, depois do embarque de Bilica, a mulher solicitou uma "pílula do dia seguinte", que foi comprada ainda no aeroporto e depois o grupo teria retornado para casa sem o registro de nenhuma reclamação por parte da possível vítima.