Profissionais formam fora do país e não conseguem ser aprovados no exame que revalida diploma e autoriza atuação no Brasil
Menos de 1% é aprovado
Menos de 1% dos médicos formados em faculdades do exterior foram aprovados no exame de revalidação do diploma oferecido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). De 937 profissionais inscritos, apenas seis tiveram desempenho aceitável e poderão atuar no país.
De acordo com os dados fornecidos pela universidade, 508 pessoas, aproximadamente 54% dos inscritos, vieram de universidades da Bolívia, porém apenas um deles teve o desempenho aprovado na instituição. Candidatos com diplomas de Cuba, Paraguai, Argentina, Peru e Espanha também concorreram.
Segundo Hélio Borba Moratelli, coordenador da Faculdade de Medicina da UFMT, muitos candidatos eram brasileiros que se capacitaram no exterior. Para ele, a prova não apresentou um grau absurdo de dificuldade, contudo o alto índice de reprovação mostrou a deficiência do ensino oferecido nos países vizinhos.
“Realizamos a revalidação há mais de 20 anos. O intuito do exame não é reprovar ninguém, mas tem que avaliar se o candidato possui as mesmas capacidades esperadas dos nossos alunos formados no Brasil”, afirmou.
Moratelli explicou que o baixo custo e a baixa concorrência são os grandes chamarizes da Bolívia. Porém, a qualidade do ensino faz com que os profissionais fiquem até cinco anos para conseguirem passar na prova e ter o diploma reconhecido. “Muitas pessoas buscam fazer medicina na Bolívia pela oferta e baixo custo. O que eles gastam em seis anos lá fora não representa um ano aqui. Na Bolívia, tem cidades que só têm brasileiros, eles falam português e até os feriados comemorados são os nossos. Para muitas faculdades de lá a única coisa que importa é o volume de alunos e nem vestibular elas cobram.”
Para Dalva Alves Neves, presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), os resultados divulgados pela UFMT apenas constata a necessidade da prova. “No Revalida de 2012, 93% dos médicos cubanos que prestaram o exame reprovaram. O governo quer passar por cima de todos apenas para tentar acalmar a população, colocando médicos despreparados em zonas carentes. O que falta não é médico e sim estrutura para trabalhar.”
De acordo com a presidente do O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Elza Queiroz, a qualidade das universidades brasileiras não é considerada boa. “Se nós já não temos o ensino desejável, como vamos aceitar profissionais menos capacitados dos que formamos?”, indagou.
Como o número de médicos, vindo do exterior, buscando a revalidação do diploma aumentou muito nos últimos anos. Em 2011, o governo Federal baixou uma portaria unificando a prova em Brasília e criando, assim, o Revalida. No entanto, a portaria não excluiu a possibilidade de universidades públicas realizarem o exame. Além da UFMT, apenas outras duas universidades (MG e PE) realizam a certificação do diploma.
MAIS MÉDICOS – A aceitação dos diplomas dos médicos estrangeiros vem sendo alvo de polêmicas desde início do ano. Quando o governo Federal anunciou o programa que previa a contratação de mais de seis mil médicos cubanos para atender zonas carentes do extremo interior do país. De acordo com o programa, as contratações não teriam a necessidade da revalidação do diploma. Em Mato Grosso, 13 municípios haviam sido apontados como prioritários para receber os profissionais.
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