Polícia Civil afirma que grande parte das ocorrências está relacionada com o consumo ou comércio de entorpecente na periferia das cidades
Mais de 70% dos mortos são negros
Os negros representam 74,2% das vítimas de homicídios em Mato Grosso. Os dados, do Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos, foram divulgados no estudo “Mortes matadas por arma de fogo 2013”.
A pesquisa analisa os dados de violência do período de 2000 a 2010 e entre os resultados divulgados está a cor da pele das vítimas dos homicídios no Brasil.
Conforme a estatística, em 2010 morreram 153 brancos e 442 negros por armas de fogo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 62,2% dos habitantes de Mato Grosso são negros ou pardos.
A taxa de mortes chega a 13,6 brancos a cada grupo de 100 mil habitantes. Já os negros têm o índice de 24,2 mortes violentas a cada grupo de 100 mil.
Apesar da taxa de negros ser elevada, o índice de pessoas brancas assassinadas em Mato Grosso é superior a média nacional, que é 11,5 a cada grupo de 100 mil.
O Estado é o 5º no ranking de maior índice de vítimas brancas, perdendo apenas para o Paraná, Rondônia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
De acordo com a Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, as principais motivações para o crime são o tráfico de drogas.
De janeiro a junho de 2013, em Cuiabá, 28% dos 90 homicídios foram motivados pelo comércio ou consumo de drogas, seguidos de 20% ocasionados por rixas e 13% passionais.
Na segunda maior cidade de Mato Grosso, Várzea Grande, as drogas também são o principal fator de mortes. Lá, o índice de homicídios relacionados ao tráfico chega a 31%.
ACERTO DE CONTAS - Foi pelo tráfico de drogas que o mecânico Flávio Alves foi assassinado a tiros no bairro São João Del Rey, periferia de Cuiabá. Ele deixou mulher e duas filhas menores de idade, em outubro de 2012.
Homem, negro e com baixa escolaridade, foi morto ao cobrar o dinheiro de entorpecentes na casa de um usuário, que ele tinha ameaçado de morte caso não pagasse.
Segundo o líder do Grupo de Estudos de Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo Naldson Ramos da Costa, são necessárias políticas públicas para incentivar os jovens a não entrar no mundo da criminalidade.
Segundo o pesquisador, os homicídios ocorrem geralmente nas regiões periféricas, onde não há qualificação adequada e educação de qualidade. A falta de inclusão social resulta na baixa resolução dos conflitos e em dados preocupantes.
PESQUISA - Além das características sobre as vítimas, a pesquisa mostra as principais causas de óbitos durante esta década em todo o país.
Em 2010, as mortes por acidentes representaram 1,5%, por suicídios foram 3,3% e motivos indeterminados 1%. Em contrapartida, os homicídios somaram 94% das mortes.
No Mapa da Violência, Mato Grosso apresentou um decréscimo no número de homicídio em 2010 em relação a 2000.
No ranking dos estados com maior índice de óbito por arma de fogo, por exemplo, o Estado passou de 4º colocado para 15º. No período foi registrada uma diminuição de 33,4% da taxa de óbito por esta modalidade.
Mesmo com a melhora na colocação, o coordenador do núcleo da UFMT, não há motivos para comemoração. Os resultados são instáveis e podem aumentar no próximo ano.
Os números apontam para uma média de 20 mil mortes por arma de fogo, quantidade que supera o total de mortes em conflitos armados entre 2004 e 2007 no Afeganistão (12.417 mortes), no Sudão (12.719) e no Paquistão (6.781).
COLNIZA - Uma das cidades que mais concentrou o percentual de homicídios pelo número de habitantes foi o município de Colniza. Entre os anos de 2008 e 2010, a cidade ficou entre os 50 municípios mais violentos do Brasil.
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