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Nacional
Segunda - 29 de Julho de 2013 às 18:47

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Corpo da ‘Donzela’ é visto na figura A; na B aparece uma radiografia que mostra o interior da boca com vestígios de folha de coca entre os dentes; imagens C e D são visualizações tridimensionais do crânio, com os dentes em laranja, a língua em vermelho e a coca em verde (Foto: Reprinted with permission from ref. 1/Photography by Johan Reinhard)Corpo da "Donzela" é visto na figura A; na B aparece radiografia que mostra o interior da boca com vestígios de folha de coca entre os dentes; imagens C e D são visões tridimensionais do crânio, com dentes em laranja, a língua em vermelho e folhas de coca em verde (Foto: Reprinted with permission from ref. 1/Johan Reinhard)

Vestígios de consumo de álcool e folhas de coca encontrados no cabelo de três múmias incas lançam uma nova luz para entender o sacrifício de crianças no noroeste da Argentina, há mais de 500 anos – antes do contato com os espanhóis. Os resultados do estudo estão publicados na edição desta segunda-feira (29) da revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).

As múmias, conhecidas como "crianças de Llullaillaco", foram descobertas congeladas em março de 1999 no topo do vulcão Llullaillaco, localizado na Cordilheira dos Andes (perto da fronteira com o Chile), a 6.739 metros de altitude.

Os corpos bem preservados pertenciam a uma adolescente de 13 anos, conhecida como "A Donzela", a uma menina de 4 e a um menino de 5, que teriam sido sacrificados como oferenda a um deus inca durante um ritual chamado "capacocha".

De acordo com os autores, liderados por Andrew Wilson e colegas da Universidade de Bradford, no Reino Unido, o padrão de consumo de folhas coca e de uma bebida alcoólica chamada "chicha" revela que essas substâncias foram usadas para ajudar o trio a "consentir" com a cerimônia religiosa que culminou nas mortes.

Durante análise – que usou dados bioqúmicos, radiológicos e arqueológicos para entender os momentos finais da vida de humanos oferecidos em sacrifício –, os autores identificaram o padrão de consumo de folhas de coca e chicha pelas múmias, e relacionaram os níveis dessas substâncias achadas nos cabelos delas com as taxas de crescimento dos fios – do couro cabeludo até as pontas – ao longo dos 21 meses anteriores aos óbitos. Segundo os cientistas, a adolescente consumiu mais coca e chicha que as duas crianças.

Além disso, para os pesquisadores, as descobertas levantam questões sobre os padrões incas de controle social sobre os territórios recém-adquiridos. O império inca incluía regiões que iam desde o norte do Equador e o sul da Colômbia, passando pelo Peru e pela Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile.

O trabalho da equipe britânica foi feito em parceria com a Universidade de Copenhague, na Dinamarca, a Universidade de Salta, na Argentina, e a Sociedade Nacional de Geografia dos EUA, em Washington DC.

Junto com as múmias, também foram encontrados mais de 150 objetos, todos exibidos no Museu de Arqueologia de Alta Montanha, em Salta, 1.510 km a noroeste de Buenos Aires. De acordo com especialistas, as condições ambientais garantiram a boa preservação dos corpos e dos utensílios.

Visitantes observam “A Donzela”. Ela foi encontrada sentada, com as pernas cruzadas e os braços apoiados sobre o ventre. Seu longo cabelo tem pequenas tranças, como era costume em alguns povoados dos Andes. Já seu rosto foi pintado com um pigmento vermelho e, acima da boca, se observam pequenos fragmentos de folhas de coca (Foto: New York Times)Visitantes observam "A Donzela", que foi encontrada sentada, com as pernas cruzadas e os braços apoiados sobre o ventre. Seu longo cabelo tem pequenas tranças, como era costume em alguns povoados dos Andes. Já o rosto foi pintado com um pigmento vermelho e, acima da boca, observam-se pequenos fragmentos de folhas de coca (Foto: New York Times)
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Múmia Múmia de "O Menino", de 5 anos, encontrada congelada no topo de um vulcão (Foto: Juan Mabromata/AFP)
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Alguns dos objetos encontrados perto das três múmias incas congeladas (Foto: Juan Mabromata/AFP)Alguns dos mais de 150 objetos achados perto das múmias incas congeladas (Foto: Juan Mabromata/AFP)




Fonte: Do G1

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