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Nacional
Terça - 06 de Agosto de 2013 às 15:43

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Uma professora de Marcelo Pesseghini, garoto de 13 anos suspeito de matar os próprios pais e depois se suicidar na segunda-feira (5) em São Paulo, lamentou a morte do aluno em seu perfil no Facebook. “Dei aula para ele hoje. Conversei, brinquei, dei risada. Dei um abraço tão gostoso, e agora acabou”, escreveu Ana Paula Alegre, segundo o SPTV.

A professora escreveu também que “está sendo muito difícil. Uma dor que não se explica.” O desabafo foi feito na própria segunda, após Ana Paula tomar conhecimento da morte do garoto.

Na terça-feira, a única movimentação na manhã desta terça-feira (6) era de investigadores na escola Stella Rodrigues, na Zona Norte de São Paulo, onde Marcelo estudava.


 
 A Polícia Militar acredita que entre a noite de domingo (4) e a madrugada de segunda, o menino matou a mãe Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, o pai Luís Marcelo Pesseghini, que era sargento da Rota, a mãe da policial militar, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos e a tia da policial, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos. Eles foram encontrados mortos em duas casas da família que ficam no mesmo terreno, na Brasilândia.

A Polícia Militar diz acreditar também que o garoto foi à escola pela manhã após já ter assassinado os parentes. O comandante da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, afirmou em entrevista ao SPTV que câmeras de segurança mostram uma pessoa, que seria Marcelo, estacionando o veículo da mãe à 1h15 da madrugada de segunda. A pessoa sai após as 6h30, com uma mochila nas costas e entra na escola. O vídeo, no entanto, não permite confirmar com exatidão que a pessoa é o garoto.

Um dos indícios é o fato de o pai de um colega de escola ter dado carona a Marcelo ao final da aula de segunda. A testemunha prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e contou que Marcelo pediu para que ele não buzinasse diante da casa porque seu pai estaria dormindo.

O coronel Benedito Meira afirmou que está descartada a possibilidade de vingança. “Nós descartamos possibilidade de retaliação por parte de facção. A casa não estava revirada, não há sinais de arrombamento", afirmou.

Na rua onde a família morava, o clima era de tristeza. A vizinha da família Pesseghini, Rose Teixeira, disse que a família era normal e não brigava. “Uma criança muito amada”, disse em relação a Marcelo. A casa já passou por perícia.

Disparo
Os corpos foram liberados às 13h20 e serão velados no cemitério Gethsemani, no km 23 da via anhanguera, em São Paulo. Só Bernadete Oliveira da Silva será enterrada neste cemitério. Os demais corpos serão levados para Rio Claro, no interior do estado, em comboio pela Polícia Militar.

Segundo o coronel Benedito Meira, o menino era canhoto e o disparo foi feito do lado esquerdo da cabeça dele e a arma estava debaixo do corpo do adolescente", falou Meira. No entanto, ele ressaltou que a polícia não descarta que outras linhas de investigação possam aparecer nos próximos dias. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil consta que o adolescente encontrado morto "empunhava a arma na mão esquerda, debaixo do corpo".

Nesta terça-feira, Fábio Luiz Pesheghini, irmão de Luís Marcelo, afirmou que o sobrinho não era canhoto. "Pelo que eu sei ele era destro. Eu tenho quase certeza que ele era destro”, disse. Segundo Fabio, o sobrinho era “tranquilo, uma criança normal, que não dava trabalho para os pais, mal saía de casa”. Ele disse desconhecer se o irmão e a cunhada recebiam ameaças.

O adolescente tinha fibrose cística, doença genética que afeta o funcionamento de secreções do corpo, levando a problemas nos pulmões e no sistema digestivo. Segundo o capitão Laerte Araquém Fidelis Dias, do 18º Batalhão da 1ª Companhia da Polícia Militar, na Freguesia do Ó, a cabo Andréia, que era subordinada a ele, recebeu a previsão de que o filho só viveria até os quatro anos. Dias a definiu como uma funcionária exemplar.

"Excelente funcionária, alegre, trabalhadora e esforçada. Mesmo a gente sabendo deste problema do filho - o primeiro parecer médico é que ele viveria quatro anos - ela tinha o astral lá em cima", disse o capitão. Ele afirma ter encontrado com o menino duas ou três vezes, que não aparentava fisicamente ter qualquer problema e o definiu como tímido.

O capitão Dias trabalhava com Andréia há dois anos. Segundo ele, ela estava afastada das ruas por um problema de coluna - a cabo possuía pinos metálicos na coluna e fazia fisioterapia no Hospital das Clínicas. Ele disse nunca ter ouvido relatos de problemas conjugais.

Investigações
O carro da família, um Corsa Classic prata, foi estacionado na rua da escola onde estudava o filho do casal, a cerca de 5 km de distância do local do crime. Segundo o comandante da PM, o adolescente chegou a ir à escola no período da manhã, pois foi encontrado na mochila dele um bilhete com orientações para os pais.

"O DHPP vai ter condições de apurar quem estacionou o veículo no local. Essa outra pessoa que estacionou pode ser um adulto, talvez até mesmo da família, ou que conheça a família. Pode ser ele", disse Meira, para justificar que outras linhas de investigações para o crime não sejam descartadas.

O comandante da PM negou que os policiais militares mortos tivessem problemas psicológicos ou mesmo que já tenham sido investigados pela Corregedoria da corporação.

Indícios
Ainda segundo o comandante da PM, ao menos duas armas foram apreendidas na residência, um revólver calibre 32, encontrado em uma mochila junto com outros pertences do menino logo na porta de entrada, e uma pistola calibre .40, de propriedade da Polícia Militar mas que estava de posse da cabo. "O revólver era da policial, que ficou com a arma do pai, após o falecimento dele", explicou Meira.

O oficial afirmou que foram efetuados ao menos cinco tiros dentro da casa, todos compatíveis com um pistola .40. Apesar disso, apenas exames de balística deverão comprovar se os disparos foram feitos pela pistola encontrada sob o corpo do garoto morto. "O que os peritos apuraram aqui é que não tem nenhum estojo diferente do de .40 na residência."

Além disso, a perícia localizou cinco cartuchos de pistola .40 deflagrados, além de um carregador com outros projéteis não deflagrados e mais um na câmara de disparo da arma, perfazendo um total de 14, justamente a capacidadetotal de um carregador.

Além do exame de balística da arma, um conjunto de provas e perícias deverá ser realizada ainda na madrugada desta terça-feira, segundo Meira. "Por exemplo, o exame toxicológico dos corpos. Será que essas pessoas tomaram algum tipo de medicamento, alguma substância que as deixaram adormecidas?", questionou.

 

Cinco são achados mortos em casa de PMs na Zona Norte de SP. Casal de policiais e filho de 12 anos estão entre as vítimas.  (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Movimentação policial em frente ao imóvel (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)




Fonte: Do G1

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