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Quarta - 07 de Agosto de 2013 às 13:30

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 "Pai não é o que faz, mas o que cria.” A expressão popular resume muito bem o entrevistado do Camarim especial de Dia dos Pais, o ator Marcello Antony. Aos 48 anos de idade, ele é destaque na novela Amor à Vida, onde interpreta Eron, um advogado homossexual que tenta, junto com seu parceiro Niko (Thiago Fragoso), encontrar uma barriga de aluguel que possa gerar um filho para o casal gay.
 
A vida em família não é um assunto que permeia apenas o lado profissional do ator. Antony é pai adotivo de Sthephanie (13 anos) e Francisco (10 anos), frutos do casamento que teve com a atriz Mônica Torres, ajuda na criação dos dois filhos da atual mulher, Lucas (12 anos) e Louis (8 anos), e ainda é pai biológico do pequeno Lorenzo, de apenas um ano e nove meses, que tem com a esposa, Carolina Villar.
 
Na semana em que comemora o Dia dos Pais, Marcello Antony recebeu o site da novela no condomínio onde mora com a mulher e os filhos, e mostrou como vive e se relaciona em família.
 
O papo começa ainda no Projac, nos bastidores das gravações da trama do horário nobre. Marcello, que se considera pai das cinco crianças, deixa logo claro: “São todos meus filhos. Eu que crio.” Realizado, o ator admite que nunca imaginou viver as experiências que passou até o momento. Filho de uma dona de casa com um funcionário público, Antony revela que foi criado sem muito luxo, em uma família de classe média baixa. “Não tinha dinheiro para sair final de semana. Não fui criado com mesada para ir sexta-feira e sábado para a boate, ficar com as gatinhas. Meus amigos todos faziam isso. Eu não fazia. Todo mundo pegava o carro do pai emprestado e eu pegava a minha bicicleta para ir para São Francisco (Niterói), para a casa de um amigo jogar sinuca, ficar escutando música e falando sobre jazz. Não era o meu perfil ficar na pegação, sempre tive essa timidez”, diz o ator, sem se envaidecer com o rótulo de galã.
 
Reservado na vida pessoal, Marcello Antony atribui ao jeito caseiro o motivo pelo qual quase nunca foi visto acompanhado de suas namoradas. O ator, que até hoje teve dois casamentos, revela um pouco da sua intimidade ao falar sobre seus relacionamentos. “Sou muito família. Fiz isso tudo para mim. Podia ser um garotão que chegou na Globo e estourou em O Rei do Gado, pensando em pegar todo mundo sempre, ter meu dinheiro, viajar e que se dane tudo. Mas não. Fui curtir minha própria ‘vibe’ junto com pessoas que tinham a ‘vibe’ semelhante”, garante, revelando um lado místico que poucos conhecem. “Sou aquariano, mas meu ascendente é câncer. Câncer é família, reclusão, casca, tartaruga, fica no seu casulo. Não nasci para viver sozinho. Talvez eu tenha um pouco de medo da solidão. Quem não tem? Tem que ser muito forte para ser sozinho, tem que se bastar. Eu gosto dessa ideia de ter meus cinco filhos, de poder envelhecer vendo todos crescerem, vendo os meus netos, sabendo que a galera está ali e que fui eu que reguei isso tudo”, idealiza o ator, que ainda assume: “Tenho uma visão romântica de tudo nessa vida.”
 
Primeiro casamento
 
Marcello Antony foi casado com a atriz Mônica Torres por 13 anos. Há 17, ele deu um passo importante na vida: “Casei com ela e nasceu nossa história. Ela já tinha a Isabel, filha com José Wilker, que tinha só 11 anos de idade. Eu já sentia esse meu jeito paternal. Vi a primeira menstruação, quando ela perdeu a virgindade, essas coisas de menina virar mulher e segurar urso de pelúcia. Eu percebo que é um instinto meu. A gente tentou muito que a Mônica engravidasse, mas havia uma incompatibilidade sanguínea entre a gente e o corpo dela não reconhecia o óvulo fecundado. Tentamos de tudo. Fomos parar em Campinas para realizar uma série de exames e testes. Foram cinco tentativas. Na primeira vez, a gente perdeu com 3 meses. Nas outras, ela expelia com um mês e meio de gestação. Quando ela engravidava, a gente até desanimava. Hoje em dia eu vejo que as coisas são como são, e graças à Deus! Se não, não teriam vindo o Francisco e a Sthephanie.”
 
Adoção
 
Determinados a serem pais, Antony e a ex-mulher partiram para a adoção, algo que ele jamais imaginou que aconteceria. “Adotamos primeiro o Francisco. Ele tinha nove meses de idade e hoje tem dez anos. A Sthephanie veio depois. Quando a adotamos, ela era maiorzinha, tinha cinco anos e agora está com 13”, conta, explicando que o sexo feminino da filha, foi uma opção do casal. “Na verdade, as coisas não acontecem como a gente planeja. Nós é que somos escolhidos. Antes disso, a gente nunca tinha pensado em adotar ou ter uma adoção tardia. E foi ótimo! Só quem passa pela experiência é que entende a adoção. Muita gente tem vontade. Mas como é grande a diferença entre querer e ir atrás! Não dá para descrever, é um amor enorme! Eu posso dizer isso porque hoje eu tenho o Lorenzo, que é meu filho biológico, e posso afirmar que o amor é o mesmo. Não tem diferença nenhuma.”
 
Apesar de terem optado pela adoção, Marcello Antony admite que a decisão não é tão simples e conta que enfrenta dificuldades até hoje pelo fato de Sthephanie ter sido adotada mais velha. “Em função do histórico de vida dela, sempre teve e tem dificuldades até hoje. Ela foi muito maltratada até os três anos de idade. Isso fica registrado na criança. Tem que ter cuidado para isso não virar um desvio de caráter ou de conduta. Minha filha tem analista até hoje e eu faço análise desde que adotamos o Francisco”, diz enfatizando: “Ainda assim, recomendaria a adoção com certeza.”
 
Com o fim do casamento, o ator se viu obrigado a conviver com a distância. Francisco e Sthephanie vivem com a mãe, mas costumam passar o final de semana na casa do pai com a madrasta e os irmãos. Antony revela que a mudança na rotina foi um desafio a ser superado. “Foi muito difícil. A gente tem que saber lidar. É uma questão de costume porque eu sou um pai muito presente, gosto de cobrir para dormir, pegar um copo d’água e dar um beijo, levantar de madrugada, abrir a porta e ver se está coberto. E isso eu perdi, mas nada como análise para superar.”
 
Segundo casamento
 
“Já me sentia realizado com meus dois filhos como pai. Não esperava meu encontro com a Carolina e ter o nosso filho”, diz Antony sobre a fase com a atual mulher. O casal se conheceu um ano após a separação de Marcello e Mônica. Na época, ele estava no ar na novela Passione. Os dois se conheceram na academia de ginástica e, apenas dois meses depois, decidiram morar juntos. “Foi um encontro muito bonito. Da mesma forma que foi com o Francisco e com a Sthephanie, quando você vê pela primeira vez e pensa: ‘Onde é que você estava esse tempo todo?’”, conta ele. Carolina Villar já era mãe de dois meninos: Lucas (12 anos) e Louis (8 anos), o que não assustou Antony. “Eu estava na mesma situação que ela, separado e com dois filhos. Quando ela entendeu que eu não queria só me aproveitar, foi natural e muito rápido. Quatro meses depois ela estava grávida. Com cinco meses de gravidez, a gente casou”, resume, com tranquilidade.
 
A relação de Marcello com os dois filhos da esposa não poderia ser diferente. O ator logo assumiu as crianças e passou a tratá-los como filho. “Não tem essa. Não tem diferença. São meus filhos, tenho os mesmos cuidados e formamos essa grande família. E as crianças se consideram como irmãos.” Quanto ao filho biológico do casal, Antony garante que não foi planejado, mas se derrete ao falar do pequeno Lorenzo. “Nosso filho não foi pensado. A gente estava vivendo o nosso amor. Na hora que eu soube que a Carol estava grávida, me bateu uma felicidade! Alguma coisa me dizia que dessa vez ia dar certo. Acompanhar uma gestação, viver tudo aquilo...”, relembra, revelando ainda um outro detalhe sobre o passado: “Quando veio o Lorenzo, vi que eu não era estéril. Inconscientemente, eu pensava que engravidar uma mulher, ser pai biológico, não funcionavam comigo”, diz se referindo também ao fato de não ter tido filhos com a primeira mulher.
 
Com um casamento considerado sólido, Marcello Antony não descarta a possibilidade de ter o segundo filho biológico e adianta que o casal já faz planos para que isso aconteça. “Estamos querendo mais um. Mas dessa vez, vamos tentar uma menina. Estamos procurando tratamento para que isso aconteça.”
 
Retorno à TV
 
O trabalho em Amor à Vida é o primeiro de Marcello Antony desde que se casou e se tornou pai mais uma vez. Foram dois anos afastados da TV, mas que renderam momentos de felicidade ao ator. “Só tô voltando agora, dois anos e meio depois. Eu me casei, comprei minha casa e estava de mudança. Família é amor.” O sucesso do trabalho de Antony reflete em casa. Os cinco filhos do ator acompanham o trabalho do pai, mas não questionam o assunto abordado pela trama. “Eles riem quando percebem que o personagem é gay, mas não se aprofundam. Nessa idade, daqui a pouco, essa historia de gay é normal. Homem não podia usar brinco porque era veado. Antes, divórcio era um crime, hoje em dia, eles estranham os casos de pais que são casados na turma do colégio porque a criança não tem duas casas.”
 
Beijo gay
 
Cotado para ser um dos primeiros atores a protagonizar um beijo gay na TV brasileira, em plena novela das 21h, Marcello Antony se diverte com a repercussão do seu personagem nas ruas. “As pessoas riem muito e os homens evitam olhar porque acham que eu vou pensar que são veados”, diz sem valorizar a possibilidade de protagonizar o beijo. “Se tiver que rolar, vai ser uma bitoca carinhosa, mas é normal, algo tranqüilo e nada que agrida quem estiver assistindo. Para mim, não será nenhum problema.” Sobre a polêmica levantada pela novela de Walcyr Carrasco que envolve barriga de aluguel, Antony analisa, mas não sabe responder se seria capaz de fazer o mesmo que Eron e Niko fazem na trama. “Alugar uma barriga? Não sei se eu conseguiria. Adotar sim, mas alugar a barriga, não sei responder.”
 
Criação e educação
 
Diferente da maneira como foi criado, o ator que nasceu na zona norte do Rio, conta que tem diálogo aberto com os filhos, mas respeita o momento da dúvida de cada um. “A gente não quer impor nada em relação à sexualidade. Eles não questionam isso. Queremos que entendam toda essa violência, que existem pessoas ruins que eles vão ter que enfrentar na vida, até porque, a gente não vai estar aqui. Minha preocupação é com que armas que eles vão lidar com essa sociedade cada vez mais violenta, intransigente, preconceituosa e o que eles podem trazer de contribuição para uma coisa melhor ou um entendimento melhor.” Se por um lado os cinco filhos do ator têm tudo para crescer com esclarecimentos, com Marcello Antony as coisas aconteceram de forma diferente. “Sou de 1965. Vivi a época pesada da repressão sem saber o que estava acontecendo. Meu pai escutava músicas com conotação política e eu não sabia. Eu achava que Richard Nixon era presidente do Brasil e fui saber como a gente nascia com 10 anos de idade. Eu achava que era um corte da barriga. Falta de interesse meu. Não tinha acesso a informações, TV era em preto e branco, brincava com bola de gude, pipa e bola. Telefone fixo era para poucos. Meu pai queria me poupar, proteger. Acabava ficando um alienado por não ter contato com as coisas.”




Fonte: G1

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