‘Aqui nunca mais coloco o pé’, afirma a dona de casa Bruna Consesqui. Alysson teve 60% do corpo queimado em casa por ter só R$ 30 no bolso.
Mulher quer sair de cidade após fogo em marido

Alysson Douglas da Silva, de 22 anos, sofreu queimaduras graves pelo corpo (Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)

O assalto em que o carteiro Alysson Douglas da Silva, de 22 anos, foi queimado por ter R$ 30 para entregar aos ladrões em Barretos (SP) foi mais do que suficiente para a jovem Bruna Consesqui Ferreira, mulher da vítima, decidir que quer se mudar da cidade. A ilusão de vida tranquila no município, para onde ela, o marido e a filha se mudaram há três meses, acabou depois do ocorrido na madrugada de quinta-feira (8).

Alysson foi transferido na madrugada desta sexta-feira (9) da Santa Casa de Barretos para a unidade de queimados do Hospital Padre Albino, em Catanduva (SP). O rapaz teve 60% do corpo queimado e seu estado de saúde é grave.

“Até então todo mundo dizia que aqui era uma cidade calma, mas depois do que aconteceu a única coisa que quero é que ele seja transferido daqui e melhore o quanto antes pra gente ir embora. Aqui, sinceramente, nunca mais eu coloco o pé”, afirmou Bruna, que voltou às pressas de Presidente Prudente (SP), para onde ela tinha ido visitar a mãe, quando soube que o marido tinha sido queimado dentro de casa enquanto ela estava fora. “Deixei a mala lá e vim embora. Saímos de lá às 6h e chegamos às 12h30.”

Além da recuperação rápida do carteiro, ela quer poder ouvir do próprio marido, ainda sem condições de falar, o que aconteceu depois que ele a deixou na rodoviária de Barretos - de onde ela partiu para Presidente Prudente - e voltou para casa sozinho. “Nada melhor do que ele para falar o que aconteceu. Eu quero ouvir da boca dele, explicar tudo que aconteceu. Sei o que minha sogra e meu sogro falam.”

Vítima teve 60% do corpo queimado em Barretos
(Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)

A jovem alega que a convivência do casal com a vizinhança em Barretos tem sido tranquila desde que o casal se mudou de Presidente Prudente para lá depois que Silva passou em um concurso. “A gente nunca arrumou confusão com ninguém.”

Enquanto Alysson se recupera das queimaduras em 60% de seu corpo, Bruna diz que tem tentado demonstrar força e otimismo para ajudar na recuperação do marido. “Eu tenho que ser forte perto dele, não gosto de chorar. Ele é o homem da casa, estou sem o que fazer”, diz.

O assalto
O carteiro Alysson Douglas da Silva, de 22 anos, foi incendiado por assaltantes dentro de sua casa na madrugada de quinta. Ele teve 60% do corpo queimado por dois homens que se irritaram com o rapaz, porque ele disse que tinha apenas R$ 30 no bolso, segundo a Polícia Civil. Os suspeitos ainda não foram identificados.

A vítima foi abordada na garagem de sua casa, depois de deixar a mulher na rodoviária. Mesmo sem reagir ao assalto, de acordo com a versão dada pelo carteiro, os ladrões pegaram um galão de gasolina que estava guardado em seu carro, despejaram sobre seu corpo e atearam fogo. Em chamas, o rapaz ainda conseguiu correr e pedir ajuda antes que fosse totalmente consumido pelo fogo.

Segundo a delegada Silvana Ferreira da Silva, o caso está sendo investigado pela Polícia Civil como roubo qualificado. O próximo passo, de acordo com a polícia, é refazer todo o percurso da vítima na noite do crime, bem como apurar a rotina do carteiro para tentar identificar os suspeitos.

A pena para os responsáveis pelo ato pode variar de quatro a dez anos de prisão, caso a vítima sobreviva às queimaduras, ou de 20 a 30 anos de detenção, em caso de morte.

Após marido ser queimado por assaltantes dentro de casa, Bruna quer se mudar de Barretos (Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)