Intenção de voto em Dilma sobe; Lula ganharia no primeiro turno
A presidente Dilma Rousseff recuperou parte da intenção de voto e da popularidade afetada pela onda de protestos realizados em todo o País, mas não a ponto de ser eleita no primeiro turno da eleição presidencial de 2014, informa uma pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado.
O único nome testado na pesquisa capaz de se eleger no primeiro turno é o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu 51% das intenções de voto. A pesquisa, publicada no site do jornal Folha de S. Paulo, mostra que Dilma detém 35% das intenções de voto, depois de uma queda para 30% no final de junho.
Se a eleição presidencial fosse hoje, a presidente disputaria o segundo turno com a ex-senadora Marina Silva, beneficiada por um aumento de 23% para 26% das intenções de voto. Marina tenta contruir seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade.
Realizada entre os dias 7 e 9 deste mês, a pesquisa contou com 2.615 entrevistas. Brancos, nulos, nenhum ou indecisos somam 18% das respostas.
O tucano Aécio Neves perdeu 4 pontos percentuais nas intenções de voto, de 17% para 13%, desempenho semelhante ao de seu colega do PSDB, José Serra, testado pela primeira vez na pesquisa. Eduardo Campos (PSB) variou de 7% para 8% das intenções de voto.
Popularidade
A mesma pesquisa mostrou que a popularidade de Dilma Rousseff teve uma ligeira recuperação desde o final de junho, quando o País vivia uma onda de manifestações.
A pesquisa mostra que 36% dos entrevistados consideram a gestão de Dilma boa ou ótima, contra um percentual de 30% alcançado na sondagem anterior, divulgada no final de junho. Em março, melhor momento da presidente, o índice chegava a 65%.
A aprovação é maior entre os que ganham até dois salários mínimos (41%), e tem o menor índice entre os que ganham mais de dez salários (29%).
O grupo que avalia a administração de Dilma como ruim ou péssima somou 22%, ante 25% na avaliação anterior do Datafolha. Aqueles que consideram sua gestão regular representaram 42%, avanço de um ponto percentual ante a última amostra.
O desempenho do governo Dilma na área econômica também foi mais bem avaliada, com aprovação subindo de 27% para 30%.
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
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