Depoimento à Polícia Civil de SP durou mais de três horas. Investigadores querem ouvir outros parentes para traçar perfil das vítimas.
Tio-avô depõe: "A gente não aguenta mais"
Costa disse que a família ainda está chocada com o crime e reclamou do assédio em torno do assunto. "Eu quero ter um pouco de sossego, a gente não está aguentando mais. A família está sofrendo, não está podendo trabalhar", disse.
Questionado novamente se a família acredita que o adolescente não seja o autor dos crimes, Costa respondeu que não irá mais se manifestar sobre o assunto. "Não vou falar mais nada. Muitas vezes a gente falando alguma coisa até atrapalha a investigação", afirmou o tio-avô.
A testemunha entregou à polícia uma chave encontrada neste domingo (11) por uma equipe de reportagem, perto do portão da casa onde ocorreu o crime. O tio não soube dizer se a chave, que estava enrolada em um papel, é da casa da família.
Desde o início das investigações, no dia 5, a Polícia Civil já ouviu 21 pessoas. Outros parentes serão chamados para depor ao longo desta semana - a polícia tentar traçar um perfil da família Pesseghini.
Aulas retomadas
Nesta manhã, as aulas na escola onde estudava Marcelo foram retomadas. A direção do Colégio Stella Rodrigues, onde o garoto estudou por oito anos, contratou profissionais especializados para orientar professores e funcionários para acolher os alunos. Nesta manhã, os portões foram abertos às 6h30. A movimentação foi grande em frente à escola, mas os pais evitaram o contato com a imprensa.
Desde terça-feira (6), as aulas estavam suspensas. A última vez que a criança foi à escola foi há uma semana, no dia 5. Câmeras de segurança registraram o momento em que ele chegava ao estabelecimento. Essa foi a última vez que ele foi visto.
Carta escrita por Marcelo para o pai em 2012 (Foto:
Reprodução/TV Globo)
A família não acredita que a criança tenha assassinado os parentes. Em entrevista ao Fantástico, exibida neste domingo (11), o tio de Marcelo Pesseghini, irmão do policial da Rota Luís Marcelo Pesseghini, mostrou uma carta feita pelo garoto no Dia dos Pais de 2012. No texto, o garoto diz que ama o pai e o felicita pela data. "Pai, você é o melhor pai do mundo inteiro eu sempre vou te amar, um grande beijo e feliz dia dos pais", diz o bilhete.
Investigações
Relatos de médicos legistas que trabalham no caso mostram que o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, foi morto cerca de 10 horas antes da família, como informou o SPTV, no sábado (10).
Nesta semana, a polícia aguarda a conclusão de dois laudos. O documento do Instituto Médico Legal (IML) deve mostrar como a família foi morta, de onde feitos os disparos, os ângulos que os tiros foram dados e a sequência das mortes. O laudo deve apontar também se as vítimas estavam dopadas ou não e, assim, remontar a cena do crime.
Laudo
A informação sobre quando o sargento foi morto é baseada na análise das manchas de sangue e constará no laudo do Instituto de Criminalística que será entregue à Polícia Civil. O laudo necroscópico das outras vítimas também deverá ser concluído na próxima semana. A Polícia Civil aguarda agora a análise do computador usado pelo adolescente e dos telefones celulares da família.
Na semana passada, a polícia já havia informado que exames preliminares apontavam a sequência de mortes na residência da Rua Dom Sebastião. Primeiro teria morrido o pai do garoto, depois a mãe, a cabo Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, em seguida, a avó dele, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, e a tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos.
Depoimentos
Nesta sexta-feira (9), um professor e uma professora do Colégio Stella Rodrigues, onde estudava Marcelo, foram ouvidos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil não deu detalhes sobre os depoimentos.
"Nós queremos saber, principalmente, o comportamento do garoto na escola. Se ele fez alguma confidência, qualquer coisa neste sentido. O que vier para a gente, venha de onde vier, vai nos ajudar para gente ter uma visão completa do caso", disse o delegado Itagiba Franco, do DHPP. Ele insistiu no foco da polícia agora em descobrir a motivação do crime.
A Polícia Civil quer ouvir também duas vizinhas da família do garoto. Uma delas teria presenciado por diversas vezes Marcelo colocando e tirando o carro da garagem da casa onde ocorreram os crimes. A outra vizinha, segundo Franco, relatou a uma emissora de televisão ter visto um carro rondando a casa da família Pesseghini. A polícia tenta ainda localizar outras duas vizinhas que teriam ouvido os tiros e outros colegas de Marcelo. Para a Polícia Civil, Marcelo é suspeito de assassinar a própria familia e depois se matar.
O delegado geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazec, disse que a investigação ainda não está concluída. "Nada está sendo desprezado, todos os informes trazidos pelas testemunhas estão sendo verificados e serão checados. A linha de investigação principal ainda é a autoria atribuída ao menino. O caso ainda não está concluído, aguardamos os laudos a fim de que eles possam ou não comprovar de forma concreta esta tese", disse Blazec.
Na quinta-feira (8), um policial militar ouvido no DHPP disse que o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, havia ensinado o filho a atirar. A informação foi confirmada pelo delegado Itagiba Franco, responsável pela investigação.
Todas as vítimas morreram com tiros na cabeça disparados pela pistola .40 que pertencia a Andréia, indicou a perícia realizada nos corpos. O delegado citou que Marcelo tinha 1,60 metro e não era um garoto franzino, apontando que ele tinha condição de manipular a arma. A testemunha disse ter presenciado uma dessas "aulas de tiro", que ocorriam em um estande na Zona Sul da capital paulista.
O PM, que morava na mesma rua da família, também informou ao DHPP que o sargento e a mãe do jovem, a cabo Andréia Pesseghini, ensinaram o filho a dirigir automóveis e que o jovem tirava o carro da família todos os dias da garagem. O automóvel foi localizado na rua onde o garoto estudava e a polícia investiga se ele dirigiu até lá, assistiu à aula e só depois retornou para casa e se matou
O procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, designou nesta quinta os promotores Norberto Joia e André Luiz Bogado Cunha para acompanhar as investigações sobre as mortes da família na Zona Norte. Os promotores deverão acompanhar Franco em todas as oitivas.
Motivação
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Luiz Mauricio Blazeck, disse nesta quinta-feira que as investigações buscam, agora, a motivação do crime.
Questionado se existe a possibilidade da participação de outra pessoa no crime, Blazeck informou que essa “não é uma questão fechada”. “Dependemos dos laudos para confirmar isso. Por enquanto, continua a versão inicial”, disse, em relação ao envolvimento apenas do garoto de 13 anos nos assassinatos.
Comentários